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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 169

REALISMO, o REAL, a REALIDADE – em sentido genérico o termo “Realismo” é usado para indicar a “Realidade Sensível”; isto é, aquela que pode ser captada pelos Sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Desse modo é possível afirmar, por exemplo, que um “som” existe realmente, porque foi captado pela audição. Note-se que o “som” não é concreto, nem físico, nem material, mas mesmo assim pode ser considerado real devido à capacidade humana de converter aquelas ondas em um sinal compreensível.

A palavra “Realismo” também é utilizada como um apelo para que situações, condições ou fatos sejam encarados sem subterfúgios, sem fantasias. É nesse sentido que se diz, por exemplo: “olhe com realismo para sua doença!”.

Em Filosofia, para os chamados “Filósofos Realistas” é a concepção de que existe outra “Realidade (outra dimensão, para os mais místicos)” além dessa que se vive no cotidiano. Uma Realidade autônoma, que existe independentemente do Homem saber ou não da mesma. Claro exemplo desta “outra Realidade” é o “Mundo das Idéias” de Platão. Ver Platonismo.

As principais questões que essa Corrente Filosófica estuda são:

1. Qual é a Possibilidade do Homem chegar, adentrar, compreender essa outra dimensão, realidade?

2. Qual é a efetiva ligação entre a Mente humana e essa outra Realidade?

Através dos estudos dessas questões e de outras correlatas, buscam os Pensadores da tendência alcançar o chamado “Conhecimento Verdadeiro”, o qual, para eles, é a coincidência total entre os “Conceitos” estabelecidos pelos Homens e as “Coisas” dessa outra dimensão, ou Realidade.

Para efeito de racionalização dos estudos, tradicionalmente o “Realismo” é dividido conforme segue:

1. REALISMO EMPÍRICO – para Kant (1724/1804, Alemanha) é “a doutrina que se relaciona com o Idealismo Transcendental”. Tal relacionamento acontece na medida em que o “Racionalismo” prega a real existência dos Objetos no Espaço e no Tempo; e desse modo “confirma” a correção e a existência do próprio “Idealismo Transcendental”, na medida em que “comprova” sua tese de que o Homem sabe intuitivamente que os Objetos ocupam certo Espaço e ocorrem e/ou existem em certo Tempo. Ver Idealismo Transcendental.

2. REALISMO EM ESTÉTICA – a concepção de que a obra de arte deve retratar com extrema fidelidade os Objetos, os Seres etc. Deve ser como uma fotografia, sem nenhum acréscimo do tipo “sentimento do artista”, “sua maneira de ver o Mundo” e conceitos semelhantes.

3. No campo de estudos sobre o Conhecimento, “Realismo” é o nome dado às doutrinas que defendem a tese de que existe um conjunto de dados, ou um agrupamento de coisas, que estão “fora” do “espírito” humano e que, mesmo assim, podem explicar como se adquire Conhecimento e o que é o próprio Conhecimento. Nesse assunto, Kant aliou o “Realismo Empírico” com o “Idealismo Transcendental”, pois o primeiro fornece os dados que captou através das Experiências Empíricas (aquela que consiste na percepção dos dados ou características do objeto estudado, através do que foi captado pelos Sentidos; ie. audição, visão, tato, olfato, paladar) e o segundo os organiza de acordo com as noções transcendentais (de Tempo, Espaço, Categorias etc.) fazendo com que tal Conhecimento seja efetivo, válido e sólido. Dessa forma, o Racionalismo tem grande importância no processo de se adquirir Saberes.

De acordo com essas características é possível colocar o Realismo em níveis diferentes, conforme segue:

a. REALISMO EMPÍRICO SENSÍVEL – que é o Conhecimento espontâneo; ou seja, o Conhecimento sobre aquilo que foi captado pelos Sentidos sem necessidade de racionalização para existir, como, por exemplo, na seguinte situação: se apanho uma panela do fogo, eu SEI que está quente porque o tato percebeu

b. REALISMO DA IDÉIA – a Teoria de Platão que afirma ser a Realidade Efetiva, Verdadeira, aquela do “Mundo das Idéias”. Aqueles Objetos, Seres, Coisas que são os modelos, as fôrmas para os similares físicos. São aqueles, pois, que formam a “Realidade Verdadeira”, ao contrário daquela que é formada pelas suas cópias.

c. REALISMO HIPOSTASIADO – ou “falso realismo”. Uma realidade fictícia, ilusória, como, por exemplo, a “realidade” dos objetos físicos, concretos que, como se viu acima, são meras cópias; logo, sem capacidade de formar algo de verdadeiro, efetivo, eterno.

REALIDADE – do Latim medieval “REALITAS”, cujo significado pode ser entendido das seguintes formas:

1. Tudo aquilo que é “Real”, que existe de fato. O conjunto das Coisas existentes.

2. Característica daquilo que existe, como, por exemplo: “a realidade do Mundo exterior”. Nesta acepção como oposto de “aparência”.

3. Em termos de Filosofia propriamente dita, e para os adeptos do Idealismo* é um assunto digno de persistentes estudos; pois, quando, por exemplo, se diz “a realidade do Mundo exterior” se está, na verdade, perguntando se o Mundo possui mesmo uma Realidade exterior, uma Existência real, a qual está “fora” do pensamento do Homem? Existe independentemente de o Homem percebê-la? Ou essa “Realidade Exterior do Mundo” é apenas um conjunto representações, de idéias, de imagens mentais? Em outros termos: O Mundo termina, ou continua existindo, quando eu durmo?

4. Ainda em termos de Filosofia, os filósofos em geral, não obstante as suas tendências divergirem em outros pontos, concordam que os chamados “Objetos do Pensamento (os próprios pensamentos, as imagens mentais)” existem efetivamente e apontam como exemplo as noções que se tem sobre “Causas”, “Igualdades” etc. Ou, então, os “Objetos da Matemática” que não existem “fora” do Pensamento e, no entanto, não podem ser negados. Não é possível negar a figura do Circulo, ou a do Quadrado etc.

5. No Campo da Psicanálise, Freud (1856/1939, Áustria) estabeleceu que a noção da Realidade interfere diretamente na noção do Prazer, pois o prazer só é aceito se estiver de acordo com as regras que governam a Realidade Social em que as pessoas vivem. Há uma limitação para a busca e o exercício do Prazer, pois se assim não fosse, a Sociedade sucumbiria vitima do conflito de interesses individuais. Tome-se, por exemplo, um aspecto muito negativo como a Pedofilia. Se os pedófilos pudessem agir livremente, o processo de formação das crianças estaria comprometido com a inversão de valores, deixando-lhes sem referenciais a seguir.

O REAL – do Latim Medieval “REALIS”, de “RES” = Coisa. O “Real” pode ser entendido como aquilo que existe efetivamente, sendo, portanto, o oposto de ilusório, fictício. Por exemplo, ser assaltado É uma ameaça Real; ser hostilizado por um gnomo é Irreal, fantasioso, ilusório. Assim, o Real, nessa acepção, é um dos bons efeitos da aquisição de Conhecimento. Tanto aquele que se adquire por experiências empíricas, e processamentos mentais, racionais; quanto aquele outro que o Homem tem de nascença, que lhe é inato; pois quanto maior for o Saber de um individuo mais apto ele estará para diferenciar a Realidade das quimeras, das aparências, evitando com isso sofrimentos desnecessários.

Em termos de Metafísica o “Real” é tudo aquilo que existe por si mesmo, que não dependeu de outro para existir. Aquilo que existe independentemente da Representação, da Idéia que se possa formar do mesmo. Sua efetiva existência está além da mera aparência, da reles superficialidade. Também no campo da Metafísica é possível diferenciar duas formas do “Real”, a saber:

a. REAL EXISTENTE – aquilo que já É.

b. REAL POSSÍVEL – aquilo que existirá, ou que poderá existir no futuro.

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