Powered By Blogger

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 134

NIILISMO – do Latim “NIHIL” = nada.

Doutrina filosófica que nega a existência do “Absoluto”, seja como “Verdade”, seja como “Valor Ético”. Também nega a Existência de Deus, pois se Ele existe por si mesmo, sem ter sido causado por qualquer outra coisa, é “Absoluto”, portanto, inexistente. Consequentemente afirma que tudo é Relativo e dependente de outros para existir. Não há nada que exista por si mesmo, que tenha em si próprio o motivo (a Causa) de Ser ou Existir.

O termo “Niilismo” foi usado pelo filósofo Nietzsche (1844/1900, alemão nascido na Prússia) para designar o que considerava ser o sinal da decadência européia, a ruína dos valores tradicionais que a civilização ocidental consagrou como perfeitos durante o século XIX e inicio do século XX. Para o filósofo (que alguns classificam mais de Poeta e menos de filósofo) essa degeneração sinalizava a descrença em um Futuro ou em um Destino glorioso. Posição contrária à daqueles que enxergavam no “Progresso da Civilização” o motivo para se manter a esperança de dias vindouros melhores.

Nietzsche também se valeu do termo “Niilismo” para “decretar a morte de Deus”; pois como já se disse, essa doutrina não admite qualquer noção de “Absoluto”, inclusive a Divina. Se a decadente Europa já ostentava sua situação Niilista, o “seu Deus” já não existia. Morrera. E com Ele, a crença em qualquer fundamento, ou base Metafísica para as questões Éticas, Estéticas, Sociais, Morais etc.

Todavia, o Niilismo nietzschiano não parava na simples constatação de que “tudo sucumbira”, que “tudo acabara”. Não estacionava na constatação que o “Nada” era o único sobrevivente (sic); até porque, nesse caso o “Nada” seria “Absoluto”, logo não poderia existir, conforme estabelecia a noção Niilista.

Nietzsche propôs então novos “Valores” que, segundo ele, eram “Afirmativos da Vida”, da “Vontade Humana”. Capazes de superar as antigas e falsas bases Metafísicas, libertando o Homem dos grilhões que o prendem à “Moral do Rebanho”; isto é, ao comportamento resignado, dócil, covarde (segundo ele) ante as adversidades, por imaginar que as mesmas são imposições de Deus. E também libertar da atitude de seguir o grupo (ou o rebanho) sem qualquer questionamento; a anulação individual para contar com a “segurança do grupo”; a covardia dos carneiros que aceitam o jugo de outrem e as outras formas de submissão que são pregadas como “virtude” pelo Cristianismo. Os novos valores, conforme Nietzsche estariam acima e “Além do Bem e do Mal”; ou seja, acima e além do que prega a “Moral Cristã”, que sempre foi objeto de sua ira, pois ele lhe debitava “o sepultamento dos instintos” que conferem prazer aos indivíduos mais fortes, enquanto depura (sic) a Humanidade dos indivíduos mais frágeis e inaptos.

Essas posições de Nietzsche são consideradas por alguns como incentivadoras de doutrinas racistas, nazistas e congêneres. Outros alegam que não, pois só tratam do plano teórico. É uma discussão que não prevê um final imediato e deixo ao (a) leitor (a) o julgamento que melhor lhe parecer.

Outra aplicação ao termo “Niilismo” foi dada pelo escritor russo IVAN TURGUENIEV, que em sua obra “Pais e Filhos” usou-o com o significado de “ação revolucionária” dos intelectuais que a executariam por iniciativa própria e solidariamente, para fazer oposição à autocracia (1) russa. Recomendava o escritor que atos terroristas fossem praticados como forma de luta, a qual visava exterminar (ou tornar “nada”) as tradicionais e injustas relações sócio-econômicas-politicas.



1- Autocracia – Governo de um príncipe com poderes ilimitados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário