Em termos restritos, pode-se dizer que o Ocasionalismo é a doutrina que afirma serem os acontecimentos do Mundo e, principalmente, as modificações da alma e do corpo, resultado da intervenção direta de Deus. Acontecimentos que não dependem uns dos outros para ocorrerem, mas só da vontade divina. Por isso é que são chamados de ocasionais, pois ocorrem eventualmente e independente da vontade do Homem.
Essa tendência também é conhecida como “Filosofia ou Doutrinas das Causas Ocasionais” e foi gerada pelo filósofo e teólogo MALEBRANCHE (1638/1715, França) que defendeu com ardor sua proposição de que as Causas (ou motivos) dos Fenômenos (acontecimentos, fatos) que ocorrem na Natureza (rios, bichos, Homens etc.) são, ao cabo, “Causas Ocasionais” e não as aristotélicas “Causas Eficientes1”, que existiriam a partir da intervenção do Homem.
Recorte: Aristóteles (382/322, Macedônia) afirmou existirem quatro Causas: material, formal, eficiente e final. No exemplo abaixo, observa-se como se distribuem as mesmas:
No caso de uma estátua,
1. Causa Material – a matéria ou o material do qual a estátua é feita (bronze, gesso, madeira etc.).
2. Causa Formal – a figura que ela representa. O modelo que é retratado na estátua.
3. CAUSA EFICIENTE1 – é o escultor que faz a estátua. O artista, o artesão.
4. Causa Final – o objetivo visado pelo escultor; isto é: a glória, a recompensa pecuniária, o reconhecimento etc.
Segundo MALEBRANCHE: “somos a Causa Natural do movimento de nosso braço, mas as Causas Naturais, não são as “Verdadeiras Causas”, são apenas ‘Causas Ocasionais’ que agem através do Poder e da Eficácia da vontade de Deus”. Em outros termos: se o meu braço realiza alguma ação resultando em algum acontecimento (ou fenômeno) a “Causa Real” ou o Motivo Verdadeiro é a “Vontade de Deus” que usou meu braço como simples instrumento. A “minha vontade” foi eventual, ocasional. Tudo, ao cabo, só acontece por vontade divina.
A partir dessa tese, MALEBRANCHE acreditou que elucidara a questão de DESCARTES (1596/1650, França) referente à interação entre Alma e Corpo, à medida que considerou o corpo como simples, mas indispensável, instrumento para que a Alma possa concretizar os desígnios divinos, vez que ela, Alma, é uma extensão de Deus (sic).
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