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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético - 41

DETERMINISMO – do latim “DETERMINISMUS”, é a doutrina filosófica que afirma NÃO existir o “Livre Arbítrio”. Segundo ela, tudo que existe no (s) Universo (s), inclusive os desejos dos Homens submete-se à Necessidade e à Possibilidade; ou seja, ao conjunto de circunstâncias que indica se tal ato, efeito ou desejo pode ser realizado ou não. Se haverá efetiva Necessidade dele e/ou se haverá efetiva Possibilidade de que ele se concretize. Pode-se, por exemplo, querer um carro luxuoso, mas a (a falta de) Possibilidade existente no momento é que decidirá se tal desejo será ou não atendido, pouco importando o quanto o Indivíduo deseje e utilize seu “Livre Arbítrio” para desejá-lo.
Assumindo-se como real e verdadeiro o Determinismo, ver-se-á que a Vontade (ou o desejo de sobreviver) que SCHOPENHAUER aponta como a Essência de tudo, não passa de um mero instrumento da Determinação. Está PRÉ-DETERMINADO que a Vontade exista e que se constituirá na Essência da Vida.
Para DESCARTES, a Natureza “exterior” (rios, montanhas, árvores, homens etc.) e a Natureza “interior” (as funções fisiológicas, os pensamentos, os sentimentos) são regidas por Leis Matemáticas. E se assim não fosse contrariaria o Principio ou a Idéia da Perfeição de Deus, na medida em que poderiam ocorrer deformações tanto nos métodos, quanto nos resultados.
Para SPINOZA, NÃO existe nenhuma “Vontade Absoluta” ou “Livre”. Sempre será Relativa e limitada porque é relacionada com as outras “Liberdades” que lhe tolhem qualquer tentativa de ser Absolutamente Livre. Somente se faz, pensa-se e se sente aquilo que o Império das Circunstâncias permite.
Em KANT, o Determinismo é associado aos Fenômenos1; ou seja, ao que é material, concreto, objetivo. O Determinismo é uma “Lei” que a Razão (ou o nosso modo de raciocinar) impõe às Coisas para conhecê-las. Para KANT, ao se estudar qualquer Coisa, o Intelecto aplica a essa Coisa o DETERMINISMO das “Leis da Natureza”, como, por exemplo, a “Lei da Gravidade”, da Causalidade (causa/efeito) etc. De fato, só podemos entender certa Coisa se antes soubermos seus antecedentes, seus resultados e, principalmente, o quê DETERMINOU que a mesma existisse daquele modo. Só conseguimos raciocinar e compreender quando “acreditamos” que há um propósito ou uma Determinação para aquele Objeto, ato, ou fato.
Para o mestre alemão, não há conflito entre o Determinismo e a Liberdade, pois o primeiro só atinge o Fenômeno físico, concreto, que é submetido às Determinações da Natureza. Já a Liberdade está vinculada ao NUMENO2, isto é, à “Coisa-em-si”, à Essência, a qual não é escrava das Leis Naturais. Porém, se a Essência obedece a outras Determinações, ou Leis, ou Regulamento não se sabe, pois como disse o próprio KANT, a Nossa Razão (ou nossa capacidade de entender) pára nos Fenômenos sendo incapaz de assimilar o que ocorre nas Essências.
 LAPLACE (1749/1827, francês) “inaugurou” o Principio do Determinismo Universal (isto é, em tudo há o determinismo), o qual afirma que tudo na Natureza está ligado aos outros (fatos, ações, resultados, objetos etc.), segundo certas Leis que são invariáveis. Por isso, afirma que o Conhecimento do “Estado do Universo (ou em que situação está)”, em certo momento, permite que sejam feitas previsões certeiras sobre como estará o Universo em um determinado momento futuro, bastando para isso que se usem adequadamente as “Ferramentas ou os Instrumentos” de estudo. Os conhecimentos de Física Mecânica. E isto porque NÃO existe independência tanto nas Causas (nos motivos) quanto nos Efeitos (os resultados dos motivos). Um exemplo será dizer que: certo objeto não caberá em determinada caixa, porque anteriormente já se mediu o tamanho de ambos. Ou, então, quando se afirma que o céu noturno é escuro porque não existe a luz do Sol para iluminá-lo. Outros tantos exemplos poderiam ser citados, mas seria inútil, pois em nossa vida diária, prática, tudo é predeterminado e o poder de Escolha ou o “Livre Arbítrio” que temos (ou pensamos ter) será apenas parcial e limitado pelas circunstâncias. Afinal, somos iguais aos outros SERES e coisas do Mundo e, como eles estamos limitados pelas Leis da Natureza, ou pelo Determinismo que nelas existe.
Todavia, alguns acreditam que nos SERES Humanos a liberdade no campo Intelectual é maior, embora também não seja completa, pois mesmo ao Pensar se obedece a certos modos de fazê-lo. É certo que no Inconsciente esta Liberdade também será parcial, embora maior que nos dois casos anteriores, pois o seu Objeto de Processamento é apenas aquilo que antes esteve no Consciente, com todas as restrições que sofreu.
Voltando ao Pensamento de LAPLACE, pode-se citá-lo textualmente, assim: “O Estado (as condições, as características) Presente do Universo deve ser entendido como o “Efeito” de seu Estado anterior e como a “Causa” daquilo que virá a ser no Futuro. Ainda, conforme o sábio, “Um estudioso que tenha inteligência suficiente para conhecer todas as “Forças” da Natureza (por exemplo: a Gravidade, o Magnetismo etc.) e a situação de cada “Coisa” ou “Ser”, colocaria na mesma fórmula os Movimentos dos Maiores Corpos do Universo e, junto, os Movimentos das Menores Sub Partículas atômicas, pois as Leis que regem os Grandes é a mesma que rege os Minúsculos. Logo, esse SER inteligente poderia saber tudo sobre a própria Natureza e aquilo que a forma, que a constitui (os SERES, as Coisas etc.) no Presente, no Passado e no Futuro, pois sendo as Leis invariáveis, quando se as conhece, torna-se possível conhecer todas as Causas e Efeitos.
Atualmente, e de forma crescente, essa idéia sobre o Determinismo é tratada de forma mais abrangente e, por alguns pensadores, de modo que se aproxima da “Ficção Cientifica”, pois se considera que o “Real é Inteligível”, ou seja, que a Realidade pode ser completamente compreendida pela Razão, embora não pelos Sentidos. Com isso, sobre o Real, acabariam todas as especulações sobre sua “Essência Metafísica” e outras considerações desse porte. A Realidade seria apenas o concreto, o físico, os quais estando sujeitos ao Determinismo das Leis Naturais passam a ser sobejamente conhecidos e desvendados na medida em que todas as Leis forem sendo reveladas. Nessa visão, já não haverá espaço algum para o imprevisto, o diferente, o desconhecido. Seria a total dominação da Natureza pelo Homem.
Por outro lado, devemos acrescer nesse nosso estudo o chamado “Determinismo Psicológico”. Por ele, o Passado, a educação e a situação social Determinam o quê se escolhe. O “Livre Arbítrio”, novamente, será apenas parcial. Podemos imaginar a seguinte situação, como exemplo: um Indivíduo masculino PODE escolher suas roupas, DESDE que essas sejam compostas por três diferentes modelos de ternos. Ele será livre para escolher o Terno cinza, o preto, ou o marrom; mas NÃO pode escolher uma saia.
Embora seja tosco, esse exemplo retrata a condição humana no Mundo: tão prisioneiro quanto os demais, mas cultivador da fantasia de que pode escolher. De que é livre.
Esse “Determinismo Psíquico” também afirma que todas as nossas Idéias, ou imagens mentais, Sentimentos etc. são apenas produtos de conflitos patogênicos que temos. De fato, o equilíbrio físico e mental produzem um tipo de Pensamento diverso daquele que ocorre nos Indivíduos adoentados ou em vias de adoecerem.


1) Fenômeno - aquilo que pode ser captado através dos Sentidos Humanos.


2) Numeno - nome que KANT dava à Essência das Coisas.

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