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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético - 37

CRITICISMO – do alemão “KRITIZISMU” = estudo minucioso, nessa acepção.
A doutrina que, sobretudo KANT (1724/1804) legou ao Mundo, de forma aprimorada; fazendo da mesma quase que sinônimo de Filosofia, na medida em que busca responder as questões mais fundamentais.
Através dela, KANT estudou o quanto é válida e quais são os limites da Razão (ou Raciocínio) Humana; ou como ele diz: “a Razão Pura”, ou o Puro exercício intelectual. Livre de dados empíricos (Experiência Empírica = que estuda os fenômenos usando os Sentidos [tato, paladar, audição, visão, olfato]).
O termo criticismo também é utilizado para dar nome a toda doutrina que faz da Critica do Conhecimento (ou do estudo detalhado sobre a validade e o alcance do que se conhece ou se busca conhecer) a condição imprescindível para validar a pesquisa filosófica.
O próprio KANT, para situar sua filosofia, reconhece dois “perigos” que poderiam invalidar seu Sistema filosófico. São eles:
  1. Dogmatismo = que é a confiança exagerada na Razão (ou na capacidade de Raciocinar) que leva à diminuição da necessária atenção contra as especulações Racionais que, também, podem ser ilusórias, falsas ou erradas. É necessário que sempre se desconfie da Razão e se atente contra os Dogmas colocados.
  2. Empirismo = quando se teme exageradamente eventuais erros dogmáticos, supra referidos, e se busca reduzir a Verdade apenas àquilo que é respaldado pela experiência, a qual, também é sujeita a ilusões, falsidades e erros.
Em seu Sistema, KANT busca identificar o que a Razão (ou o Raciocínio) pode efetivamente fazer e aquilo que lhe escapa. O filósofo trata a Razão (ou Mente, ou Consciência) como se fosse um “órgão”, como o coração, o pulmão etc. Tal como estes, tem o Raciocínio certo limite e é precisamente isto que deve ser pesquisado, pois se esta barreira for ultrapassada já se cairá no terreno da fantasia, ou seja, os Juízos ou Conceitos não terão validade por terem sido criados por algo que também já ultrapassara sua real capacidade. É claro que a comparação com órgãos físicos não é a mais adequada, pois os limites são absolutamente diferentes e no caso da intelectualidade não existe nem a perspectiva de que seu término venha ser conhecido um dia. Todavia, não obstante essa comparação ser apenas para efeito de didática, não se pode deixar de notar que com essa limitação, KANT tirou da Razão aquela “aura” de “Verdade Absoluta” que lhe foi outorgada principalmente pelos Racionalistas do Iluminismo*.
Tanto em relação ao uso atual, quanto ao potencial a que poderá chegar, o sábio alemão estabeleceu que sempre existisse um limite; pois, ainda que seja enorme, a capacidade da Razão não é infinita e nem pode ser usada como parâmetro da Verdade. E isto é fácil de ser comprovado quando se analisa o raciocínio de dois homens sobre os mesmos fatos: divergirão em algum ponto, mesmo que apenas em detalhes. Ora, se aí não consenso, infere-se que a Verdade não pode ser adquirida apenas com o ato de pensar “racionalmente”.
Kant coloca a seguinte questão: o que é Conhecer? E responde que no Conhecimento o Indivíduo NÃO apreende (não capta) as Coisas como elas realmente são (ou se imagina que sejam), as famosas “Coisa-em-Si”. O Indivíduo só consegue apreender ou captar aquilo que a sua Razão é capaz de processar. E esse Processamento Racional sempre obedecerá a duas faculdades (ou capacidades) da Razão:
  1. TEMPO e ESPAÇO, aos quais KANT chama de “A PRIORI”, porque já estão presentes na Mente do Indivíduo antes que ele faça qualquer experiência. Nascem com o mesmo, são inatas (hoje já se sabe que mesmo no útero o bebê já tem essa capacidade) e são, é claro, independente de qualquer Experiência Empírica (que estuda os fenômenos usando os Sentidos [tato, paladar, audição, visão, olfato] Humanos).
  2. CATEGORIAS de PENSAMENTO, ou as categorias de seu entendimento que, grosso modo, podem ser comparadas a prateleiras onde as informações captadas e processadas são devidamente organizadas.
De fato, tudo que se apreende é entendido como algo que aconteceu num determinado ESPAÇO e em certo TEMPO. E o Entendimento só será completo quando essas informações são organizadas (em conjunto, ou não, com as anteriores) de tal modo que delas se possam extrair Juízos ou Conceitos.
Por fim analisaremos mais criticamente a questão do TEMPO, ao qual, via de regra, damos uma Existência autônoma como se ele existisse independente do Homem percebê-lo ou não. KANT, porém, tira do TEMPO a sua condição exterior. Deixa de existir fora do Sujeito, passando a ser apenas uma Capacidade (ou faculdade) Intelectual do Individuo que o utiliza para organizar e processar as informações que lhe chegaram.
Os que discordam do filósofo alegam que a passagem das Horas pode ser observada mesmo que o Indivíduo esteja dormindo. Se ao deitar ele, por exemplo, medir uma vegetação qualquer e repetir a medição ao acordar verá que houve algum crescimento, mesmo que mínimo. Ora se algo aconteceu (o crescimento) é porque houve alguma atividade no Espaço e no Tempo, logo o Tempo não está atrelado à vigília do Indivíduo. Sobrevive sem ele.
Contudo, aqueles que comungam com KANT citam o exemplo das pessoas que tem alguma enfermidade que lhes tira a Razão (ou a Consciência), fazendo com que elas confundam Passado, Presente e Futuro, como acontece, por exemplo, nos paciente de ALZHEIMER que não tem a menor noção de suas relações familiares e dos fatos passados e dos presentes. Logo, para os seguidos do filósofo alemão, o TEMPO, está sim diretamente associado à Razão.
São questões de mérito próprio cada qual e como não se prevê um consenso em breve ou mesmo a longo prazo, o debate permanecerá aceso por muito “tempo”. Sem trocadilhos.

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