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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 186

TOTEMISMO e TOTEM – a palavra “Totem” é originária do vocabulário dos indígenas OJIWAY, da América do Norte, e significa “SER MÍTICO”, podendo ser um animal ou um vegetal. Com o tempo, Totem passou a ser utilizado pelos eruditos do século XIX para representar o ancestral, o patriarca de um clã nas sociedades primitivas. Patriarca a quem se venerava e a quem se oferecia diversos cultos. O Totem seria, pois, um “objeto de tabu”; isto é, sagrado, mágico, miraculoso e acessível apenas aos “Iniciados” e aos mais sábios do grupo.

Para Freud (1856/1939, ex Império Austro-Húngaro): “o Totem é em primeiro lugar o ancestral do grupo; em segundo, o seu espírito protetor e benfeitor”.

TOTEMISMO – é doutrina usada na Etnologia (estudo das etnias) para designar a organização social primitiva que se baseava no Totem, enquanto representante dos clãs, que, unidos, formavam as tribos.

O Totemismo também é o título da Teoria do Sociólogo DURKHEIM (1858/1917, França) e do Psicanalista Freud, que afirma ser o culto ao Totem o elemento formador da Primitiva Religião na medida em que se cultuava um SER abstrato; já falecido, como no caso dos antepassados; ou quimérico, como o “espírito do jaguar”, por exemplo. “SER Abstrato” que seria, como na atualidade, um protetor daquele agrupamento. Já se tinha, pois, o mesmo sentimento que ainda hoje sustenta as Religiões: a crença ou a fé num SER ou num Objeto abstrato, metafísico, sobrenatural. Por outro lado, mas com traços de vinculação, também teria vindo do Culto ao Totem as primeiras noções de Moral, com suas normas, regras, proibições, recomendações etc., as quais, geralmente, teriam sido “reveladas” por aquele Ser Abstrato a que se chamava de Deus ou de Deuses.

Essa Teoria teve e tem grande aceitação, porém não é unânime e um de seus contestadores mais célebres foi o Pensador francês LÉVI STRAUSS (1908/2009, Bélgica) que a questiona na medida em que ela vê no culto ao Totem um caráter autônomo; isto é, como se o Totemismo fosse uma Instituição (como o exército, a igreja, etc.) exterior ao Homem. Como se tal Culto fosse uma Religião Formal, como o Cristianismo, por exemplo, com seus dogmas, suas “Verdades” etc.

Para Strauss, o Totemismo não pode ser visto dessa forma. Como algo “fora” do Ser Humano. Ao contrário, em suas palavras: “o Totemismo é a projeção, fora de nosso universo, por uma espécie de exorcismo, de atitudes mentais incompatíveis com a exigência de descontinuidade entre o Homem e a Natureza”. Em outros termos: o Totemismo é um ritual informal (sem regras de como deve acontecer) que permite ao Homem externar algumas idéias ou sentimentos que no cotidiano prático são rotulados de absurdos; pois, no dia a dia, prega-se que existe uma separação entre o Ser Humano e a Natureza, como se o Homem não fizesse parte da Natureza, como se dela fosse proprietário e não uma mera parte. Ali, no Culto ao Totem, o devoto pode exteriorizar sua crença de que ele está inserido sim na Natureza.

A partir, então, dessa definição sobre o Totemismo é que Lévi e seus adeptos questionam o teórico poder de criar uma Religião, uma Moralidade, pois, como se viu, para Lévi o culto ao Totem é apenas um ritual que o Homem prática dentro de si próprio. Incapaz, portanto, de aglutinar outros Homens em torno de Idéias e Sentimentos que são estritamente pessoais, subjetivos. Logo, incapaz de criar qualquer tipo de Instituição.

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