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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 167

RACISMO – no século XIX as idéias Racistas ganharam impulso por conta de um efeito colateral funesto: com o endeusamento da Razão e do “Progresso das Ciências”, teorias sobre a “Comprovação Científica (sic)” de que tal raça seria superior às demais, proliferaram e aquilo que antes era um sentimento indefinido, tomou ares de “ciência” e graças a tais Pensamentos acirraram-se preconceitos e discriminações.

Parte importante para esse estado de coisas foi a obra de GOBINEAU (Joseph Artur 1816/1882, França) intitulada “Ensaio Sobre a Desigualdade das Raças Humanas”, que foi um dos primeiros trabalhos sistemáticos sobre o assunto. Segundo o Pensador: “a mistura das Raças era inevitável e levaria a ‘Raça Humana’ a crescentes graus de degeneração física e intelectual.”

Gobineau foi diplomata e tinha pretensões artísticas. Na sua primeira função trabalhou no Brasil, cujo futuro lhe parecia catastrófico em decorrência da miscigenação, da qual resultaria uma população de “mestiços e pardos”, os quais, além do déficit intelectual e físico seriam estéreis. A solução, a seu ver, seria a imigração maciça de “raças superiores, ou européias”. Mas o gajo se esqueceu de explicar o porquê que tais raças “Superiores” não conseguiam prosperar em sua própria terra, necessitando sujeitar-se aos “desconfortos do 3º Mundo”. Em relação às suas pretensões artísticas ficou-lhe a “glória” pelo livro racista e o crédito que lhe é dado como sendo o autor da seguinte expressão: “não creio que viemos dos macacos, mas creio que vamos nessa direção”.

Julgar-lhe pelos padrões atuais seria incorrer em outro erro, pois em sua época a questão era tratada como se de fato tivesse efetivo amparo cientifico. Gobineau escreveu de acordo com seu tempo; e não foi o único. Após o seu “Ensaio”, várias outras Correntes fizeram apologia das “Raças Superiores”, como a de MALTHUS que previa fome geral em razão da proliferação de “raças inferiores”, ou a de SPENCER que criou um “Darwinismo Social”, elegendo como sobreviventes os indivíduos das “raças superiores”. Outra que merece destaque, tanto por sua abrangência quanto por sua influência, é a TEOSOFIA, sistematizada por Madame BLAVATSKY (Helena, 1831/1891, atual Ucrânia), que agrupava idéias do antigo Orfismo* (reencarnações, poderes paranormais etc.) com a ideologia que dividia a História Humana em períodos de maior ou menor desenvolvimento, segundo a eugenia: isto é, a depuração racial. Foi enorme sua influência e ainda hoje é muito respeitada, principalmente porque alguns erros de interpretação foram sanados e todas as suas finalidades passaram a ser dirigidas para o bem estar do Homem, independente de qual etnia ele seja.

Para alguns eruditos, a Teosofia foi uma das colunas em que se assentou a ideologia Nazista, que leva o triste epíteto de ter sido o ideário Racista mais radical de todos os tempos; chegando, como se sabe, ao extremo da xenofobia (ódio aos estrangeiros, aos diferentes) com os massacres de civis e o genocídio de homossexuais, deficientes, ciganos e judeus. Porém, o triste episódio proporcionado pelos Nazistas não foi único e se repetiu em várias outras ocasiões, como, por exemplo, na África do Sul com o Regime de Apartheid, ou com Racismo legalizado que vigorou nos EUA até meados da década de 1960, ou com os massacres em guerras africanas (de hutus) e européias (nos Bálcãs) e tantos outros exemplos.

Atualmente o Racismo sobrevive explicitamente em alguns grupos e tacitamente em quase todas as Sociedades. Porém, houve um avanço significativo nesse assunto: a criminalização dessa prática; a qual, no Brasil, por exemplo, prevê prisão inafiançável, pois o Racismo é visto como “crime hediondo” e apenado como tal. Em termos científicos e biológicos há consenso que o próprio conceito de “Raça” não tem sentido. Existe, segundo os estudiosos, a “Espécie Humana” e as diferenças entre os indivíduos que a compõe são motivadas pelos habitat em que vivem, sem que haja qualquer superioridade ou inferioridade nas capacitações de cada grupo étnico.

Em termos filosóficos e antropológicos é possível pensar que a “Causa ou o Motivo” primordial do Racismo vincula-se à estrutura da Sociedade antiga. Os primeiros agrupamentos teriam que ser o mais coeso possível para conseguir rechaçar os ataques das forças da Natureza e dos outros grupos. Essa interdependência entre semelhantes solidificou a idéia que o estrangeiro, o diferente era um inimigo a ser combatido; e prováveis casamentos endogâmicos reforçaram características genéticas as quais, posteriormente, foram associadas àquela “raça”.

Por fim é importante salientar que o Racismo foi o principal motivador de alguns dos crimes mais horrendos que houveram. Tanto pela brutalidade, quanto pela abrangência. Evitar a repetição dos mesmos será, talvez, a prova definitiva de que o Homem conseguiu avançar em sua marcha.

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