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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 72

FORMALISMO, FORMA, FORMAL – do francês “FORMALISME”.

Antes de adentrarmos ao sistema em si, analisaremos o vocábulo raiz “Forma”, por ser um ponto crucial no estudo da Filosofia.

 FORMA é a idéia oposta à do elemento isolado. Significa a percepção global de um conjunto, ou agrupamento, de elementos singulares. A “Forma” é aquilo que estipula o quê será a matéria bruta, fazendo dela alguma coisa definida e compreensível.

Matéria e Forma formam o par central na Filosofia de Aristóteles (384/322 aC.), onde “Forma” é aquilo que, na Coisa, ou no Objeto, ou no SER, é inteligível ou compreensível, podendo ser reconhecida pela Razão (ou raciocínio) quando se torna o “Objeto de Estudo” da ciência. É a Essência de uma Coisa (lembrando que em Platão, essa Forma ou Essência NÃO está na Coisa, mas em “outro local” servindo de “modelo” para aquela Coisa).

A Matéria é, então, segundo Aristóteles, um substrato (ou um material indefinido) passivo que só através da Forma que vir a ter passará a ser algo definido e compreensível. Porém, Matéria e Forma só podem ser separadas na esfera do Pensamento, pois toda Matéria tem alguma forma ou formato, mesmo que essa não seja definível. É a matéria amorfa.

KANT (1724/1804) também usa o conceito de Forma em sua Filosofia, o que, aliás, a torna “Formalista”. Para o sábio alemão, “Forma” é resultado da atividade livre do Espírito Humano; e é assim que ele chama de “Formas (ou fôrmas)” as “Categorias de Pensamento”, pois são elas, livremente ativadas pela Mente ou Espírito Humano, que dominam a matéria e lhes dão os respectivos formatos. Aquilo que foi captado pelos Sentidos e processado pela Razão adquire certa conformação, certo aspecto, que corresponde ao seu respectivo Conceito. Essa soma de “Coisa externa” + “A mesma coisa Formatada”, segundo a ação da Mente ou Espírito humano e conforme as “Categorias de Pensamento” resultam no chamado “Fenômeno”.

Na “Teoria da Forma” ou GESTALTTHEORIE afirma-se que o Homem só consegue perceber ou captar o conjunto dos elementos e não cada um desses elementos individualmente. Como exemplo, tem-se: quando se vê algo, enxerga-se simultaneamente certa forma – tanto no sentido de contorno, quanto no sentido geométrico – certa cor, certa distância etc. Esse conjunto, pois, é o que se chama de “Forma”.

FORMAL – em sentido vulgar é sinônimo de cerimonioso, ou significa uma preocupação excessiva com os aspectos exteriores; ou é aquilo que tem um caráter, uma característica, abstrata desassociada do Real ou da Realidade. Também pode ser aquilo que é apresentado de modo explicito e categórico. É um qualificativo que se aplica para designar processos e ações que atendem às exigências do formato, do aspecto exterior, superficial. Assim, diz-se “Verdade Formal” que é aquela que segue as regras da Lógica (os pensamentos corretamente organizados); ou que certa Moral é Formal, quando considera apenas a Forma ou o Formato das atitudes, sem se preocupar com as conseqüências de sua realização.

Hegel opôs com freqüência os termos “Formais” x “Substancial, ou Essencial”. Para ele, nas relações sociais, por exemplo, a família seria “Substancial (porque em tese é de extrema importância)” e Natural, enquanto que as relações entre os indivíduos de uma Sociedade são apenas “Formais”; isto é, importantes, mas não imprescindíveis.

Disso tudo se depreende que “FORMALISMO” é a atenção exagerada com os detalhes da Forma (ou aparência externa). É um comportamento que tem origem num certo tipo de Pensamento Mecânico, incapaz de perceber que a maior importância está no conteúdo e não na Forma, ou aparência.

Por outro lado, o valor Moral de uma ação não depende daquilo que realmente é feito, mas sim da intenção que se teve para realizá-lo. Ou seja, valiosa é Forma, a disposição e a maneira como a boa ação foi praticada.

Em Matemática é chamada de Formalismo a tese de que as “Verdades Matemáticas” são apenas Formais, baseadas apenas em convenções humanas.

Em Estética a qualificação volta a apresentar certo grau pejorativo, pois é a Doutrina que confere excessiva e nem sempre justa, importância à Forma, ao Formato, em detrimento do conteúdo.

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