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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 84

HISTORICISMO – FILOSOFIA e HISTÓRIA – o Historicismo é o método filosófico que tenta explicar através das circunstâncias e dos fatos ocorridos, ou pelas transformações nas Estruturas Econômicas e Sociais (Feudalismo, Capitalismo, Industrialismo, Escravagismo etct.) todos os acontecimentos relevantes nos campos da Moral, da Religião, do Direito e em outros aspectos que teriam contribuído para o Progresso da Consciência Humana.

Esse objetivo do Historicismo é especialmente evidente no Campo do Direito, no Campo das Leis. O “Direito” é uma criação coletiva que evolui junto com a Humanidade que o criou e, de certo modo, é o mais fiel espelho do avanço, ou do retrocesso ou do marasmo de uma Sociedade. Porém, tais recuos ou avanços só podem ser compreendidos através de uma perspectiva histórica; ou seja, de uma visão geral de tudo que já ocorreu naquela Sociedade. Exemplo claro disso, é a Escravidão que se tornou ilegal, contrária ao Direito, tão logo a Consciência Humana evoluiu e atentou para a barbaridade do crime que se praticava.

Vê-se, portanto, que o Direito está diretamente relacionado com a evolução da Consciência Ética, mas isso só pode ser observado quando existe um intervalo – um quantum ou uma quantidade – de Tempo entre as duas condições: a anterior e a atual. Estudar o que houve de “recheio” nesse intervalo de Tempo, é uma das atribuições da Filosofia. Todavia, é necessário diferenciar (ou distinguir) o Historicismo Filosófico do Historicismo Epistemológico1 ou Metodológico.

O Filosófico faz da História (ou da existência dos fatos já ocorridos) a base para uma concepção ou noção sobre o Mundo e sobre o Homem, suas crenças, valores, aprimoramentos, desregramentos etc. E usa tal noção ou concepção como instrumento para compreender as Causas, os Motivos, e os Efeitos dos fatos acontecidos. Os chamados “Fenômenos Sociais”.

No caso da Metodologia, não se admite a História como formadora de uma concepção ou de uma idéia sobre o Mundo. Vê-se a História apenas como uma das condições para que a Realidade possa ser compreendida.

A FILOSOFIA DA HISTÓRIA – é a noção de que a seqüência dos acontecimentos ocorridos não aconteceu por “mero acaso”. Que NÃO é um conjunto de fatos acontecidos que foram agrupados aleatoriamente, sem qualquer critério, lógica ou coerência. Ao contrário, é um “Movimento” que tem um rumo, uma direção definida e determinada; e que acontece conforme as “Linhas Mestras” pré determinadas (por Deus?).

O conhecimento correto do Passado, por isso, pode ser insuficiente para que se preveja os acontecimentos futuros com riqueza de detalhes; porém, permite que se saiba do Sentido, ou do rumo, a seguir.

Sob esse ponto de vista, dois filósofos – entre outros - traçaram importantes teses conforme as linhas de seus Sistemas de Pensamento. São eles, Marx e Hegel, como veremos na seqüência:

1. Hegel e o Idealismo Histórico – propunha que a Razão (ou a Consciência) desenvolve-se, realiza-se, através do DEVIR* que gera a seqüência dos fatos. Para ele a História Universal seria a representação, a imagem, do esforço que o “Espírito (a Consciência)” faz, no decorrer do tempo, para compreender o que ele (espírito), efetivamente é.

2. Marx e o Materialismo Histórico – doutrina que Marx criou em conjunto com Engels e que afirmava que as “Forças Materiais (especialmente as Econômicas) dominam e dão formato às “Forças Espirituais (ou intelectuais, como pensamentos, idéias, religiões, artes etc.)”. Ironizaram Hegel ao dizerem que se ele colocara a “História sobre a Cabeça”, eles a repuseram “sob os pés”. Ou seja, o “Espírito” é um simples produto fabricado pela História e NÃO o seu motor, o que a faz acontecer.

Em outros termos, veremos que para Hegel a História é um conjunto de fatos ou acontecimentos que foram produzidos pelo “Espírito” enquanto esse caminhava em busca de sua mais alta realização: o autoconhecimento. Já para Marx e Engels, a História é feita por um grupo de Indivíduos ou por uma Classe que impõe ao restante dos Homens o ônus de seus feitos. São os interesses dessa Classe de Privilegiados que geram os fatos, os acontecimentos; os quais aprisionam, constrangem os demais indivíduos que, ao cabo, tornam-se meros fantoches da História; a qual, por sua vez, é o que modela suas toscas atividades culturais, religiosas, intelectuais etc. É uma análise bem realista, diga-se. Mas seria reconfortante se a dupla de filósofos explicasse o porquê das Coisas serem assim? O porquê de existirem tantos que obedecem a tão poucos?

Se para Marx e Hegel, malgrado suas interpretações serem diferentes, a História poderia ser vista como se fosse “uma linha reta”, orientada, ou seja, tendo um começo definido e um fim provável; para outros Pensadores, como Nietzsche e Platão (este, nitidamente influenciado pela concepção hinduísta do tempo circular) a História poderia ser vista como um Circulo, sem um inicio e sem um fim. Ambos, além de outros que lhes comungava essa idéia, afirmaram que o Tempo, e, por conseguinte a História é Cíclico, o que acarretaria a repetição de todos os acontecimentos, como se fosse um “Carrossel” em que um “cavalinho branco, entre todos os outros que eram amarelos”, após percorrer seu circuito, torna a se manifestar para quem o estiver vendo na ocasião. Grosso modo, essa comparação tenta ilustrar o porquê a tese da repetição de fatos históricos, que são presenciados por homens que vivem em diferentes épocas, não ser compreensível, ou aceitável. Afinal a vida humana é tão breve que não permite assistir “a outra rodada do Carrossel”. Contudo, se o Individuo é finito, a Espécie Humana não é (ou se imagina que demore a ser extinta) e esse fato é que explica para alguns – como Jung, por exemplo – porque o Homem traz alguns conhecimentos desde o útero. Saberes intuitivos que nascem com ele e pelos quais ele consegue, mesmo que de forma borrada, vislumbrar alguns acontecimentos e ter a sensação de já tê-los visto. A isso, Nietzsche chamou de “O Eterno Retorno” e ensejou que Platão dissesse que “Não conhecemos, reconhecemos”.

Mas de qualquer modo que se veja o passar do Tempo, a Filosofia mira especificamente qual o Sentido da História? Qual o seu rumo e/ou o seu Significado? Será que traz em si um aperfeiçoamento Moral, Intelectual; um desenvolvimento na Cultura e na Ética? Ou se ruma para a decadência total? Ou, ainda, descendo um degrau e olhando-se apenas para o aspecto material da vida: caminha-se para a consolidação definitiva do Capitalismo, ou para um ressurgimento do Socialismo? Questões colocadas e que ocupam os pensamentos de todos os que se sabem filósofos no sentido original do termo: “amigo do saber”.

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