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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 66

FEMINISMO - ao contrário do imaginado, o Feminismo não é um movimento da atualidade. Ao logo do tempo, várias Correntes Filosóficas e Religiosas (particularmente as Animistas) defenderam o direito das Mulheres usufruírem o mesmo Direito concedido aos Homens.


Não recuaremos aos Matriarcados Primitivos, pois suas organizações não foram regidas por Teorias ou Sistemas defensores da Igualdade, mas por força de eventos materiais, como a morte dos Homens em guerras e em caçadas de subsistência. Desse modo, recuaremos só até a Revolução Francesa, em 1789, quando as mulheres tiveram efetiva participação nas lutas físicas e na elaboração de Políticas voltadas para seus interesses, como ocorreu com a militante e escritora OLYMPE DE GOUGES que paralelamente à “Declaração dos Direitos dos Homens” escreveu a “Declaração dos Direitos da Mulher”, onde combatia a exploração que sofriam em todas os aspectos e onde expunha as reivindicações femininas, apoiada nos textos poéticos do filósofo CONDORCET. Desde o inicio da Revolução, as francesas atuaram vigorosamente através da criação de vários “Clubes de Atividades Feministas”. Em 1792, ETTA PALM chefiou uma delegação que na Assembléia exigiu que as mulheres tivessem acesso ao Serviço Público e às Forças Armadas, além, é claro, do fim da opressão nas esferas jurídica, política, econômica etc. Mas as exigências não foram atendidas e o líder da Revolução, Robespierre, proibiu a associação de mulheres em Clubes. O projeto de Igualdade para ambos os sexos foi arquivado e sufocado pelo “Terror”, como ficou conhecida a época em que as execuções de “inimigos da Revolução” ceifaram a vida de grande parte de cidadãos, quer fossem, ou não, contra-revolucionários. Em 1848 a França viveu nova Revolução e novos “Clubes Feministas” surgiram no País. Além da equiparação política e jurídica, as mulheres exigiam também a equiparação salarial, pois com a crescente industrialização as francesas, a exemplo de outras, abandonavam seus antigos serviços caseiros para serem operárias nas Indústrias. Essa entrada, aliás, gerou um efeito colateral nocivo, pois como as operárias aceitavam salários menores que os pagos aos homens, eles eram substituídos pela “Mão de Obra” mais barata. Com os maridos desempregados, as esposas tiveram que trabalhar por salários cada vez mais achatados, pois, afinal, alguém tinha que por comida na mesa... E se o Pai já não podia fazê-lo, a Mãe da família herdou a obrigação. Então, as mulheres já não trabalhavam apenas para realização pessoal ou satisfação profissional. Trabalhavam por pura e concreta necessidade. Mas o Mal não ficava por aqui, pois lhes foi acrescentado a dupla, tripla, ou quádrupla jornada, vez que além do trabalho externo, a mulher continuou a responder pelas tarefas domésticas. Uma situação deveras difícil e que ensejou vários movimentos de protestos, os quais, diga-se, assemelhavam-se aos de outros operários; fato que contribuiu para uma aproximação estreita com os Partidos de Esquerda. Todavia, a situação ganhou ares de definitiva e irreversível e, embora longe da ideal, é inegável que as mulheres conquistaram direitos sobre seus corpos, sobre suas sexualidades, estudos, carreiras etc. Decerto que tais Direitos não são vistos favoravelmente por todos, pois muitos alegam que houve apenas uma mudança na forma de se explorarem as mulheres. É uma discussão que comporta teses e antíteses, mas que apenas por existir mostra que a realidade da mulher independente veio para ficar.

Nos EUA e na Grã Bretanha (GB) os Movimentos Feministas também foram importantes. Na GB MARY WOLLSTON ECRAFT publicou em 1792 a obra “Reivindicação dos Direitos das Mulheres” e em meados do século XIX BARBARA LEIGH SMITH e o Filosofo e Economista JOHN STUART MILL lideraram a criação de um Comitê do Sufrágio Feminino, o qual em 1866 foi abortado pelo Parlamento.

Nos EUA, em 1837, fundou-se a Universidade Feminina de HOLYOKE e nesse mesmo ano uma aconteceu uma Convenção de Mulheres contrárias à Escravidão.

No Brasil, pode-se citar a bióloga e zoóloga BERTA LUTZ que fundou em 1922 a “Federação Brasileira pelo Progresso Feminino” que defendia o direito ao voto e ao trabalho independente da autorização do marido. NUTA BARTLETT tambem participou de lutas políticas na década de 1930 e foi uma das fundadoras da UDN (União Democrática Nacional).

Desde o inicio do século XX a situação da mulher mudou radicalmente em quase todos os países do Mundo. A Revolução Russa de 1917 concedeu-lhes o direito ao voto e em 1930 as mesmas já votavam na Nova Zelândia, na Austrália (em 1902), na Finlândia em 1906, na Noruega em 1913, no Equador em 1929 e quando o século atingiu sua metade, em mais de uma centena de países.

Após a 2ª Guerra (1939/1945), o Feminismo floresceu com mais vigor, graças ao ingresso maciço das mulheres nas indústrias, ocupando as vagas dos homens que foram para a guerra. Por essa época a escritora francesa SIMONE DE BEAUVOIR lançou sua obra “O Segundo Sexo” que foi de importância teórica decisiva para a fixação do movimento. Em 1963 a Norte Americana BETTY FRIEDAN iniciou sua cruzada e a formatação em nível mundial do Movimento Feminista. Episódios como a “queima de sutiãs” aconteceram em quase todos os lugares como marca do Protesto Feminino. Na GB, GERMAINE GREER escreveu “A Mulher Eunuco”, em 1971, obra que foi considerada o “Manifesto” do movimento chamado de ‘WOMEN’S LIBERATION’, abreviado para “Women’s Lib”. As reivindicações, então, já não eram apenas de cunho social e de ordem civil. Exigia-se respeito às particularidades femininas e a libertação de toda opressão.

O Feminismo como Doutrina e como Movimento Social tem como objetivo fundamental defender a igualdade dos direitos entre os gêneros. E visa, sobretudo, a igualdade política, civil, cultural, econômica e profissional.

Um comentário:

  1. Fábio,

    Com tuas palavras a história ganha um brilho diferente, torna-se interessante... Tenho aprendido muito ao ler-te.

    Espero que estejas bem!!!

    Beijo

    Flávia

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