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terça-feira, 6 de outubro de 2009

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético - 04

AMORALISMO – como já se mencionou, o artigo “A” na função de prefixo quase sempre indica o contrário de um conceito ou afirmativa. Porém, aqui, indica aquilo que está acima ou além das Normas, das Leis, Convenções e congêneres que formam o conjunto chamado de Moral. Antes de prosseguirmos julgamos oportuno reafirmar a diferença entre o Amoral e o Imoral1, pois este último é quem se opõe à Lei visando alguma vantagem em particular e ilegal. Já no Amoralismo o que se tem é o desprendimento das Normas, Leis e Convenções Morais, as quais até poderão ser contrariadas, mas sem que haja a prévia intenção de que com isso usufruir de alguma vantagem. Amoral é aquele Indivíduo que reconhece no conjunto da Moral vigente tantas e tais imperfeições, hipocrisias e semelhantes que simplesmente passa a devotar um sincero desprezo ao mesmo. Ele está acima ou além da Moral. Seu quadro de Valores é diferente daquele preconizado pela maioria e contra esse aprisionamento é que ele se rebela, sem, contudo, ganhar algo além do direito de viver sua escala de valores. Tomemos como exemplo o Indivíduo que já foi além daqueles valores tidos como corretos e, assim, para ele ter dinheiro, status, honrarias etc. perdeu o sentido, pois ele está além desses desejos banais. O Indivíduo Amoral não pratica a “má ação” intencionalmente. Não visa benefícios indevidos. Apenas o direito de pensar diferente. Tomemos outro exemplo: o comportamento de alguns artistas cujos modos (indecentes para o vulgo e inocentes para ele) chocam com as regras da Moral vigente em sua época. Poetas e intelectuais brasileiros que pediam o fim da escravidão eram tidos como arruaceiros e contrários “aos bons costumes”; cantores americanos que pregavam o fim da guerra do Vietnã eram considerados covardes e traidores da Pátria. Outros exemplos são visíveis em todas as Épocas, pois a Moral é relativa e mutável em essência. Normalmente são os indivíduos mais capazes intelectualmente que percebem o primarismo, senão a hipocrisia, dos dogmas morais e mediante sua recusa em aceitá-los se tornam, em menor ou maior escala, a vanguarda da mutação na própria Moral. Propõem com seus próprios exemplos as mudanças nos padrões e a substituição de certos valores por outros que lhes pareçam mais apropriados com o momento social que se vive (e as modificações nas sociedades geralmente são produzidas pelas evoluções tecnológicas e só depois teorizadas e aceitas). Em termos mais amplos de Filosofia, pode-se citar como exemplo do amoral o filósofo NIETZSCHE que propunha a troca da Moral Cristã, baseada nos ascetismo, na penúria, no sofrimento e no conformismo (e na covardia, segundo o Pensador alemão) pela Moral ou Moralidade simbolizada por DIONISIO (vulgarmente conhecido como BACO) que simbolizava a satisfação dos desejos de modo quase que hedonista2. A mansidão seria substituída pela Potência da Vontade, ou em outros termos pela primazia do Instinto sobre a Razão. Pela alegria em lugar da tristeza e pela plena vigência da “Seleção Natural” que daria vida apenas aos mais fortes e capazes de afrontarem dogmas e regras que lhe fossem prejudiciais.

1. Ver Imoralismo
2. Ver Hedonismo

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