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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético - 02

AGNOSTICISMO – quase sempre, em Filosofia, o prefixo “A” indica o contrário de certa afirmativa ou de tal conceito. Assim temos:

Gnóstico = saber
Agnóstico = Não saber

Em termos populares pode-se dizer que Agnóstico é aquele que “ignora” ou “é incapaz de compreender” o que está além do Físico. Deus, por exemplo. Para este terreno será necessária a FÉ e não o CONHECIMENTO, que exigiria que tivéssemos maior capacidade intelectual para absorvê-lo. Em 1862, SPENCER já tentara demonstrar a impossibilidade de se chegar à “Realidade Última”; ou seja, à força misteriosa que é a Causa e que se manifesta em todos os Fenômenos*. Podemos estudar e compreender estes Fenômenos, mas somos incapazes de entender o que os motivou. Qual a essência dos mesmos. O termo AGNÓSTICO é de autoria do inglês THOMAS HUXLEY que o citou pela primeira vez em 1869. Com ele quis dar nome à atitude de quem se recusa a admitir que as questões que não podem ser elucidadas (ou resolvidas) pela ciência sejam esclarecidas pela crença irracional em algum SER ou Sistema superior ao Homem. Questões metafísicas como, por exemplo, a existência de Deus, da Alma etc. que não são respondidas pela Ciência, mas que os crédulos aceitam como se fossem solucionadas pela fé. THOMAS declarou que criou esta palavra como opositora à palavra GNOSE, ou GNOSTICISMO* cuja proposta é saber a resposta para as tais questões. Saber que se originaria da compreensão de Leis que escapam à Ciência Positiva ou Cientifica. O termo foi retomado por DARWIN que numa carta de 1879 declarou-se Agnóstico. O fisiólogo alemão DU-BOIS RAYMOND em 1880 também escreveu em sua obra “Sete Enigmas do Mundo” que as CAUSAS que ensejam o aparecimento das Coisas Perceptíveis, não podem ser conhecidas por estarem além da capacidade intelectual do Homem. Para avalizar sua opinião, vejamos o seguinte exemplo: quase que consensualmente admite-se que o Universo teve inicio a partir da Grande Explosão (Big Bang) que espalhou em forma de matéria ou força, a Energia que antes estava contida em certo local. Mas o quê era essa Energia e o que motivou tal explosão são desconhecidos e, claro não é explicado pela Ciência. Ainda nessa época , em 1892, a filosofia de KANT passou a ser chamada de AGNÓSTICA na medida em que ele separou o Fenômeno (que o Homem pode perceber ou captar pelos Sentidos ou através de processos Racionais) e a Essência (NUMENO ou A COISA-EM-SI) das coisas. Aliás, para KANT, temos a capacidade de intelectual de estudarmos quase todos os aspectos dos Fenômenos (em sua CRITICA da RAZÃO PURA1, ele tenta mostrar até onde chega essa nossa capacidade de Raciocinarmos e entendermos), mas somos incapazes de Saber o que há por “trás das coisas”. Desde então, os Cientistas vem utilizando o termo para nomearem suas condutas, baseadas na Ciência, frente às especulações sobre assuntos que estão além do Físico. Ao invés de se posicionarem sobre a existência ou não, ou sobre a propriedade ou não, de tais questões eles se recusam a publicar qualquer opinião sobre as mesmas. Por fim, acrescente-se que o Agnosticismo reduz o Objeto (de estudo, de devoção) da Religião (isto é, Deus, as Almas etc.) à categoria de “Mistérios” insolúveis. Não nega que possam existir outras Realidades para além do que conseguimos perceber, mas afirma que as mesmas não podem ser “Sabidas” pelo Homem porque lhe falta capacidade intelectual para tanto.

1. Critica da Razão Pura, para muitos é a obra mais importante de Kant, que nela analisa até que ponto chega a capacidade de Raciocínio do Homem. Deverá ser entendida como: “o estudo minucioso da capacidade do Raciocino do Homem”.

ACOMISMO – do Frances “ACOMISME”. Novamente o prefixo formado pelo artigo “A” indica a oposição a uma tese. Assim, temos que:

COSMO = Universo, Mundo. A-COSMO = não Universo. Não Cosmos.

Termo criado e utilizado por HEGEL para defender ESPINOZA, acusado de Ateísmo*. Para ele, o holandês não confundia Deus com a Natureza, com o Mundo ou com o Universo material e finito. Ao contrário, ESPINOZA, na verdade, nega que o Mundo ou Universo sejam Reais1. Seriam apenas Fenômenos ou Aparências captáveis pelos Sentidos ou produzidos pelo uso da Razão ou Raciocínio. O que há de Real (substância ou essência) é justamente Deus. Logo, se Deus e o Universo físico são diferentes ou distintos a Filosofia de ESPINOZA não pode ser intitulada de Atéia, mas de A-COSMICA. Deus não é (apenas) o Universo Concreto, físico; o qual, nessa medida, seria tão somente o Fenômeno daquela Substância, ou seja: Deus é a Essência enquanto o Universo Físico é a sua aparência exterior que pode ser captada e compreendida pelo Homem. Observa-se que HEGEL usa de certa ironia ao afirmar que as acusações contra ESPINOZA decorreriam do fato de que é mais fácil negar Deus que negar o Cosmos, vez que este último é plenamente passível de ser estudado, enquanto que a Divindade é oriunda tão somente da crença. Pensam os detratores, e não sem motivos, que negar o Cosmo equivaleria negar a Si próprio, pois como existir o Sujeito que capta o que inexiste?

1. Reais ou Realidade: do latim “REALIS”, diz-se daquilo que existe de fato e não como simples aparência. Existe em Essência. O que há “por trás” das manifestações percebidas pelo Homem. Que se refere à Coisa. A definição da Coisa e não apenas o nome daquela Coisa.

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