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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 157

ONTOLOGISMO e ONTOLOGIA – do grego “TO ON” = Ser, “LOGOS” = Teoria.


Ontologia é um termo introduzido na filosofia por RUDOLPH GOCLENIUS através de sua obra “LEXICON PHILOSOPHICUM” de 1613. Com ele o filósofo designava o estudo sobre a questão que para muitos é a mais importante da Metafísica: o estudo do Ser enquanto Ser; ou seja, o estudo do “Ser” despido de suas características pessoais, individuais. E, claro, o estudo daquilo que torna tal “Ser” compreensível.

A Ontologia é, portanto, o “Estudo GERAL do Ser”, ou em tosca comparação “o estudo da espécie ou da classe” ao qual o Ser Individual pertence. Ou o Estudo da ESSÊNCIA (que é Geral enquanto que o fenômeno é Individual, simples, particular) de aquele Ser; e, por extensão, da própria Realidade ou Real. Os “Seres” foram classificados como:

1. Ôntico – o Ser em particular, individual.

2. Ontológico – o Ser em geral (a espécie ou classe) ao qual está inserido.

Frequentemente o termo “Ontologia” é usado como sinônimo de “Metafísica” e isto acontece, segundo o Filósofo D’ALEMBERT (1717/1783, França), porque: “Os Seres, tanto espirituais quanto materiais, têm propriedades (ou características) Gerais como a ‘existência’, a ‘possibilidade’, a ‘duração’ etc. O exame (ou estudo) dessas Propriedades forma o ramo da filosofia que chamamos de ‘Ontologia’, ou ‘Ciência do Ser’, ou "Metafísica1 Geral (1)”.

1 – Metafísica, porque os Seres Espirituais estão além e acima da Física, da Matéria; e, também, porque as raízes das características ou propriedades e, claro, as Essências dos Seres Materiais estão no terreno do “Sobrenatural”, “Metafísico”.

ONTOLOGISMO – de modo sintético ou resumido pode ser definido como: “Sistema Filosófico/Teológico de alguns eruditos católicos do século XIX que tem por base a “Evidência da Existência de Deus”; isto é, a existência do Divino é de tal modo visível e perceptível que NÃO se pode negar-lhe (sic)”.

De modo expandido, tem-se que o Ontologismo é a Doutrina segundo a qual o “trabalho (ou o estudo, a especulação) filosófico” não começa no Homem, mas em Deus. Não “sobe” do espírito (humano) ao ENTE (divino), mas “desce” do Ente ao espírito. A partir dessa afirmação, a tese central do Ontologismo é a de que o Homem possui uma “visão” ou uma Intuição imediata e direta do Ente (ou Deus).

Sobre essa Tese, e as que lhe foram derivadas, nunca houve um consenso geral, por isso veremos na seqüência algumas das divergências que ocorreram entre os dois Eruditos que mais se destacaram no estudo da questão.

a. ROSMINI (Padre, 1797/1855, Itália) que afirmava ser a a Intuição supra referida referente à noção que se tem de um “Ser em Geral”.

b. GIOBERTI (Padre, 1801/1852, Itália) que afirmava ser a Intuição supra referida referente ao “Ente Supremo”, isto é, Deus.

Ambos, contudo, e mais alguns filósofos concordaram que a Tese Central referente à Intuição sobre o “Ser em Geral” ou sobre o “Ente Divino” provém do Pensamento de Santo Agostinho (354/430, atual Argélia) que sempre insistiu sobre a “Iluminação Direta” no intelecto humano por parte de Deus. Provindo, também, do Ocasionalismo* e de MALEBRANCHE (1638/1715, França) que afirmava que toda espécie de Conhecimento só acontece e é possível graças à Intuição que o Homem tem de Deus.

Na primeira metade do século XIX o Ontologismo influenciou, em graus variados, toda filosofia européia, inclusive aquelas que a repudiaram. Foi então que mais floresceu os conceitos do Ontologismo, vinculados à Revelação. Estabeleceu-se que a Intuição que o Homem possui sobre o Ente é considerada como a “Revelação” que o Ente (divino ou genérico) faz dele mesmo para se revelar (ou se mostrar) ao Homem. ROSMINI e GIOBERTI novamente discordaram:

a. ROSMINI – a Revelação é a noção geral do “SER” ou do “SER POSSÍVEL (que pode existir) considerado como a Forma, ou a Fôrma, ou o Formato original e fundamental da Mente Humana e de sua capacidade de adquirir Conhecimento. Tal “Revelação” seria, portanto, a condição indispensável (ou necessária) para a aquisição de Saber e seria a junção entre a Idéia do Ser (considerada como a Mente Humana) mais os dados coletados através das Experiências Empíricas (aquela que consiste na percepção dos dados ou características do objeto estudado, através do que foi captado pelos Sentidos; ie. audição, visão, tato, olfato, paladar). A ação de conhecer seria a chamada “percepção intelectiva”.

b. GIOBERTI – ao contrário, afirmava que na “Revelação” o “Ente Deus” se mostra ao Homem através de suas obras (a criação do Universo, o Homem, das coisas, dos animais etc.). Para Gioberti, o Homem seria o “existente” citado na célebre máxima: o Ente (divino) cria o Existente (humano).

Divergências à parte, Gioberti e Rosmini uniram-se a outros Pensadores contra a Filosofia Moderna que acusavam de Subjetivismo*, de Psicologismo* e de Niilismo*. Contemporaneamente o Ontologismo foi abraçado por P. CARABELLESE (1877/1948, Itália) que buscou conciliar o Pen-samento de Rosmini com o de Kant (1724/1804, Alemanha) e propôs que a Consciência é o ponto de partida e a única base da Filosofia que trata do Conhecimento que o Individuo tem do “Ser”.

CARABELLESE, ao contrário de Rosmini e de Gioberti, afirmou que o “SER” é imanente (mal comparando: nasce, brota) à própria Consciência ou Mente. O SER “está” no Homem e NÃO lhe é externo; logo, para conhecer o “SER” ou a sua própria essência, o Homem tem que se auto-conhecer. Uma idéia, diga-se, que nada tem de original, pois já permeava o Hinduísmo milhares de anos antes.

Carabellese, mesmo dando ao “Ser” essa gênese humana – posto que ‘nasce’ do Intelecto ou da Consciência do Homem – chama-lhe, igual aos demais, de “Deus” e o considera a base de toda objetividade (ou concretização, ou individuação) das Coisas Particulares (ou individuais, ou singulares) que a Mente pode atingir; ou seja, é o fato do Ser ficar “à mostra” que permite ao Homem – então elevado à categoria de SER – distinguir as Coisas separada e concretamente.

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