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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético - 09

ARISTOTELISMO – sob esse nome abriga-se o conjunto das Doutrinas que derivaram dos ensinamentos de ARISTÓTELES, discípulo de PLATÃO. Dentre outras, as tendências mais conhecidas são: Escola Peripatética, o Aristotelismo árabe dos filósofos AVERRÓIS e de AVICENA e o Cristianismo, mormente aquele praticado durante a Idade Média e certo período do Renascimento. Obvio que esse título também abarca o conjunto dos Pensamentos de ARISTÓTELES, os quais se tornaram correntes na Filosofia Moderna e até na que é feita em nossos dias. Pode-se resumir esse agrupamento de Conceitos do seguinte modo:
1. Ao contrário do Mestre PLATÃO, ARISTÓTELES dedicava enorme respeito às Coisas Materiais, em seu Estado Natural. Afirmava que em cada Coisa, Pessoa, Animal, Vegetal, estava sua própria “Idéia”. Recordemos que para PLATÃO, a “Idéia” (o modelo original do qual as Coisas eram meras cópias) “ficava em outro lugar”. Para ele inexistia esse Dualismo (ou duplicidade). “Idéia” e Coisa formam um único conjunto. Mal comparando, teremos como “Idéia” o DNA de cada SER. No DNA estão as “instruções” de como aquela Coisa deve ser constituída e formada. De como a Coisa será. E é por Conceitos assim que ARISTÓTELES é visto quase sempre, pelos Intelectuais sérios, como inferior ao seu Mestre, pois ele “esqueceu” de dizer onde ficaria a “Idéia” do DNA primitivo. Todavia, essa discussão sobre sua Sapiência não tem motivos de ser, pois ARISTÓTELES foi, no mínimo, um dos maiores Sábios que o Mundo conheceu, mesmo que para isso só se contabilize seus estudos relativos à matéria, como no ramo da Botânica, Zoologia, Mineralogia etc. Esquecendo-nos, portanto, do Juízo de Valor que dele é feito, vemos que embora copiosos e valiosos, seu Saber era voltado quase que exclusivamente para o Físico, o Concreto e desse apego é que surgiu a sua famosa Lógica, pois o Mundo Físico (ou melhor, aquele que pode ser captado pelos Sentidos) só exige para ser desvendado um tipo de Pensamento que obedeça a determinadas regras e seqüências. A rigor, o encadeamento apropriado ou Lógico. Uma sucessão harmônica e crível, por ser demonstrável, de Juízos e Conceitos. O Físico, Perceptível (pelos Sentidos) exige apenas a Razão, ou Raciocínio, para deixar-se desvendar. E sabemos (como KANT nos mostrou) que o Raciocínio depende de três fatores para elucidar qualquer questão: o Tempo, o Espaço e a relação entre Causa e Efeito. Logo, a Lógica é a determinação de que Algo resultou de Alguma Coisa, em certo Momento e em algum Espaço. Isto ordenado, explica-se o Fenômeno (a parte que pode ser percebida pelos Sentidos) de maneira Lógica.
2. Pois bem, ARISTÓTELES, dividiu a Causa que gera um Efeito, em quatro variáveis: Formal, Material, Eficiente e Final e desse modo tornou o estudo da relação de Causa e Efeito mais sistemático e eficiente. A isso juntou a chamada “Teoria do Movimento” que é a transformação da “Potência em Ato”, ou em outros termos, o Potencial de alguma Coisa vir a se Realizar; como, por exemplo: a Semente é a “Potência” (tem Potencial para vir a ser) e a Árvore é o “Ato” (o Potencial acionado transformou-se em outra Coisa, mais elaborada e complexa)
3. Da junção desses Estudos, ARISTÓTELES pretendeu explicar como O Universo existe. Tudo existe porque há um Potencial que uma vez acionado transforma-se em outras Coisas melhores e mais elaboradas. E essa engrenagem gira constantemente, mas não é Perpétua. Teve um inicio (e terá um fim). Algo ou Alguém acionou o mecanismo pela primeira vez e esse “Primeiro Motor” ou “Ato Puro (que existe sem ter tido a necessidade de ser precedido por qualquer Potencial)” foi tomado pelos filósofos da Escolástica e entronizado como o Deus bíblico. Principalmente São Alberto e São Tomaz de Aquino serviram-se de ARISTÓTELES para tentar “provar racionalmente” que Deus existe; e durante boa parte da Idade Média e épocas que lhes sucederam essa “Racionalidade da Crença” perdurou como um Dogma intocável. E ainda hoje é evocada com certa freqüência.
4. Viu-se acima, que embora dedicasse grande parte de seus esforços ao Estudo do Mundo Físico, ARISTÓTELES admitia haver Algo ou um SER metafísico (além da Física, do Concreto). Admitia alguma SUBSTÂNCIA ou ESSÊNCIA ou ALMA em tudo e lhe colocava como a base do Conhecimento e da Lógica.
5. Aliás, sobre Lógica (ou modo de Pensar atado à sucessão cronológica dos acontecimentos e à coerência entre Causa e Efeito dos mesmos) cumpre ressaltar a imensa importância que ARISTÓTELES lhe dedicou, o que o faz ser visto como o primeiro Erudito que conseguiu efetivamente expor qualquer Conceito de modo organizado e sistemático.
Tanto quanto PLATÃO e SOCRATES, ARISTÓTELES é tido como um dos filósofos que deram partida na Filosofia grega e, consequentemente, na Ocidental. Mas tanto quanto seus predecessores, também ele bebeu sofregamente das águas do Hinduísmo e dele trouxe Conceitos e Juízos que embasam seus axiomas até no Aspecto Político, pois enquanto seu Mestre PLATÃO era ostensivamente adepto da Democracia, ARISTÓTELES não teve qualquer dificuldade em se moldar à estrutura Monárquica como forma de Governo, tendo sido o preceptor do jovem ALEXANDRE, MAGNO que o protegeu e lhe bancou os meios necessários para desenvolver seus estudos.

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