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terça-feira, 1 de maio de 2012

A Metafísica


O que está atrás, além da Matéria, da Física.






Há cerca de três ou quatro mil anos, na Grécia Clássica, surgiram os primeiros Filósofos do Pensamento   Ocidental. Curiosos como todos os humanos, não demoraram a ser perguntar o quê seria tudo aquilo que os cercava: o Céu, a Terra, as plantas, os animais, os desastres naturais, as rochas, o próprio Homem.
A partir daí e não satisfeitos com as respostas baseadas em Mitos e Lendas irracionais, iniciaram seus questionamentos e a Primeira Pergunta que lhes ocupou a mente foi:


“de que é feito o Universo?”


Logo depois, surgiu a Segunda Indagação:


“De que é feito tudo que existe na Terra e no Céu? Qual será a natureza das plantas, dos bichos, das Estrela, do Sol, do Homem etc.?”


Na sequência imediata e natural, surgiu a Terceira Questão:


O que está por trás, ou além, de tudo que existe concretamente, materialmente, fisicamente? O quê, ou quem lhes fez? O quê ou quem as mantém?”.


O primeiro e o segundo questionamento foram e estão sendo constantemente respondidos, desvendados pelas Ciências Naturais; ie, pela biologia, pela astronomia, pela geografia etc. Muito já se sabe sobre tudo que existe, porém Nada se sabe conclusivamente sobre o porquê dessas existências.


As reflexões filosóficas sobre esse motivo, esse propósito, esse sentido é um dos Objetos de Estudo da Metafísica. Talvez o mais importante. Outros Objetos de Estudos (relacionados diretamente ou não com essa reflexão básica) são as “motivações ocultas ou desconhecidas” sobre:
1.     
        Juízo – ou como se formam as teses, as teorias, as noções, os conceitos no cérebro humano.

    Conhecimento – ligado diretamente ao item acima, a reflexão sobre como acontece o aprendizado humano, a captação dos dados que permitem a formação dos Juízos.
3.      
     Ética e Moral – ou como o Homem forma e lida com seus sentimentos pessoais, com suas ações e pensamentos. E como se comportam em relação aos hábitos e costumes da sociedade em que vive.
4.      
       Estética – ou como acontecem os julgamentos sobre o Belo, o harmônico.
5.      
     Política – ou o que motiva determinados grupos de Homens a viverem desta ou daquela forma em termos de distribuição de renda, classes sociais, códigos etc.


Além desses Objetos de Estudos principais, a Metafísica também se ocupa com questões relativas ao sentimento religioso, às outras crendices sobrenaturais e a diversos outros assuntos menores (quase sempre embutidos nos cinco itens principais).


Por fim, veremos que etimologicamente a palavra “Metafísica” teve uma origem prosaica: após a morte do filósofo Aristóteles (também um excepcional estudioso das Coisas Materiais, como rochas, plantas, seres, geografia, astronomia etc.) seu discípulo, Adônico de Rodes, incumbiu-se de organizar os textos do professor falecido. Como método de trabalho, juntou todos os estudos de Aristóteles que não versavam sobre Coisas materiais, concretas, físicas (como os estudos filosóficos, por exemplo) e os catalogou após os trabalhos desenvolvidos sobre os objetos físicos. Arquivou-os depois da Física. Além da Física, ou Metafísica.


Com o tempo, o termo foi adquirindo o significado atual, com o qual se representa, inclusive, a inutilidade de todo avanço tecnológico já acontecido para responder a uma das perguntas básicas da Filosofia e da vida: Por quê?


São Paulo, 01 de Maio de 2012.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético - Livros Prontos

Aos (as) queridos (as) amigos (as) que seguem ou visitam este meu Blog tenho a satisfação de comunicar que o Dicionário está pronto, dividido em dois volumes, onde estão expostos 207 Sistemas Filosóficos.
Convido-os a conhecerem a obra, editada pela Seven System International, no seguinte endereço:

http://www.biblioteca24x7.com.br/

Também comunico que aqueles seguidores, registrados até este momento, terão direito a comprar seus exemplares com um desconto especial, bastando contactar-me pelo seguinte e-mail:

villela.fabiorenato@gmail.com

A obra está devidamente registrada na Biblioteca Nacional/Escritório dos Direitos Autorais, conforme cópia do registro exposto na penúltima postagem.

Abraços.

sábado, 10 de julho de 2010

NIETZSCHE, o Niilismo e a Vontade de Potência

Nascido na Prússia, Alemanha atual, em plena Era do Modernismo Filosófico e Artístico, Nietzsche foi um dos Pensadores mais polêmicos, influentes e originais dos últimos tempos. Santo ou Demônio é uma dicotomia pequena para acomodar o que dele se pode pensar, pois a profundidade de seu Pensamento (ainda que para muitos tenha sido só uma retomada do antigo Hedonismo) supera qualquer tentativa mesquinha de lhe colocar um simples rótulo. E mesmo aqueles que discordam de suas idéias, são obrigados a árduo raciocinar para se oporem à sua crua realidade.

Sua obra tem inicio com as reflexões que fez sobre a Cultura na Grécia Clássica e esse mote orientou, direta ou indiretamente, o restante de seu Ideário. Em um primeiro momento sua atenção foi direcionada para dois elementos: os deuses Apolo e Dionísio, dos quais falaremos brevemente, antes de prosseguirmos com o texto base.

1. APOLO – deus da Luz, do Sol. Filho de LATONA e de ZEUS. Dentre outras atribuições, cabia a Apolo guiar o “carro do Sol”, proteger os campos, os navegantes, os médicos e os pseudo-artistas, pois estes só reproduziam algo que já existia, que se mantinham dentro dos limites estabelecidos, que nada ousavam e que por isso nada criavam. Por ser o “Deus da Luz”, era o protetor da claridade que esmaga sombras, sonhos e fantasias. Que não permite nada que fuja da Racionalidade. Essas características foram utilizadas por Nietzsche, talvez com certo exagero, para colocá-lo como símbolo do mediano, do racional, do covarde, do submisso etc.

2. DIONÍSIO – filho de ZEUS e de SÊMELE (princesa da Cidade-Estado chamada de TEBAS). Certo dia, segundo a lenda, Sêmele pediu a Zeus que lhe mostrasse todo seu esplendor e mesmo avisada que sucumbiria a tal demonstração tanto insistiu que Zeus atendeu-lhe. Morreu instantaneamente e o filho que gestava, Dionísio, foi arrancado de seu ventre e inserido na coxa do pai, Zeus. Desse modo, o chamado “deus de duas mães” completou o ciclo da gestação e nasceu sadio e poderoso. Essa insólita “pré-vida” influenciou o caráter da criança que, por isso, ao se tornar adulto dirigiu seus poderes para proteger o Inesperado, o Criativo. Tornou-se o deus daquilo ou daquele que vai além das normas, das regras, das Leis. Após a dominação romana, Dionísio e os outros deuses e deusas foram plagiados pelos conquistadores (militarmente poderosos, mas culturalmente bisonhos) e ele passou a ser vulgarmente associado à orgia, à promiscuidade, à bebedeira, aos bacanais (derivativo do nome “Baco”, com que foi batizado pela plebe). Vê-se, pois, que lhe reduziram sua real importância, substituindo a Criatividade pela licenciosidade. Nietzsche, porém, restituiu-lhe o caráter original e ele voltou a ser o Deus do arrojo, da coragem, do surreal e de tudo que transcende a mediocridade do cotidiano.

A partir dessa nova conceituação, tem-se o “Espírito Apolíneo” e o “Espírito Dionisíaco”; o primeiro, representante da Razão, da Racionalidade naquilo que ela tem de castradora, de mantenedora da “ordem”, da “harmonia (ou da apatia)” e similares. É a condição da maioria da humanidade. O Homem que se auto-presume Racional e, por isso, livre, independente, autônomo; é na verdade – segundo Nietzsche –um mero títere, pois ele é livre do quê? Livre de ter seu corpo físico ferido e/ou morto por outrem mais forte?

Ademais, para obter essa salvaguarda, a sua “verdadeira liberdade (que para Nietzsche é a satisfação dos instintos)” lhe foi tomada. Se a outros proíbem que lhe ataquem, em contrapartida ele também é proibido de atacar outrem, por mais que desejasse fazê-lo. Proibição, aliás, que se estende às outras satisfações de seus instintos, pois tal satisfação implicaria em prejuízos a terceiros. Essa convenção humana é expressa em um dito célebre entre os cristãos: “não faças ao outro, o que não deseja que lhe façam”.

A chamada “Regra de Ouro”, segundo Nietzsche, é o inimigo a ser derrotado. É essa “humildade cristã” que o filósofo chama de “covardia dos fracos” e/ou de “mentalidade de rebanho”. Rebanho que é subjugado através do horror, do medo de cometer um “Pecado (a prazerosa satisfação dos instintos)” que lhe acarretará castigos neste e no outro Mundo. O “Mundo Espiritual” ou “Metafísico”.

Mas para Nietzsche não existe o Metafísico. Ou melhor, não existe nesse sentido e com essa significação. Na esfera humana existe apenas o concreto, o físico, e por conseqüência o “Pecado” – enquanto erro presente a ser castigado no futuro - é apenas uma artimanha usada pelos mais frágeis para intimidar os mais potentes. Não existe “pecado” e nem o “castigo divino”. Não existe sequer o “divino”, pois segundo o Pensador: “DEUS MORREU!”.

E junto com esse deus, morreram ou morrerão os chamados “Valores Sobrenaturais”, os quais, na realidade, são meras criações humanas, cujas gêneses são esquecidas com o tempo. E graças a esse esquecimento, tais “Verdades” passam a serem consideradas “Divinas, Celestes”, mas são apenas conceitos humanos, ou “HUMANOS, DEMASIADAMENTE HUMANOS”.

E, então, como já não há motivos para se temer a “Cólera Divina”, todos os outros “Valores” aparecem vestidos com a túnica da realidade: meras criações dos Homens, pois tudo – em Sentido filosófico, superior – está acima dos julgamentos morais. Tudo está “ALÉM DO BEM e DO MAL”.

A partir dessa oposição categórica ao que Apolo representa, Nietzsche passa à afirmação da Vida, cujo símbolo, Dionísio, é a perfeita personificação dos Sentidos, das Intuições, dos Sentimentos, dos Desejos etc.

Recorte – note-se que além da semelhança com o antigo Hedonismo, o Sistema de Nietzsche aproxima-se do “Romantismo Filosófico” de ROUSSEAU (1712/1778, suíça), dentre outros, na medida em que combate a primazia dada à Razão, à Racionalidade.

Para Nietzsche, na Civilização Ocidental o “Espírito Apolíneo” teria triunfado, sufocando o que ele chamava de “Afirmativo da Vida”; isto é, a “Civilização do Ocidente”, graças ao “Cristianismo”, castrara os prazeres (posto que são acessíveis apenas aos mais fortes, e que por isso mesmo dispensam o consolo da religiosidade) aos lhes rotular e definir como “sujos, sórdidos, imorais”. Proibira, ao cabo, a plena manifestação das emoções, dos sentimentos, dos desejos (inclusive e principalmente o sexual), taxando-os de “bestiais, animalescos” e próprios de “seres inferiores” e não do Homem, já que este é o “Centro da Criação” e “feito à imagem e à semelhança como o Criador”.

Embora tais afirmativas pareçam aos mais lúcidos uma falácia odiosa, é importante lembrar que tais Conceitos vigoram ainda hoje. Ainda se crê que o Homem é uma “espécie eleita”. Imagine-se, pois, há séculos atrás. E foi justamente há “séculos atrás” que Nietzsche desfraldou sua bandeira causando uma enorme turbulência no meio filosófico.

Sua revalorização da intuição, da sensação, do querer, da irracionalidade, era, segundo seus opositores, uma volta ao “Estado de Natureza”, um retorno à “Lei do mais Forte”. Argumentos que satisfaziam a maioria “do rebanho” e que condenava o filósofo a tal descrédito que sua suposta “loucura” não causou espanto em quase ninguém; afinal, alguém “capaz de tantas blasfêmias” só poderia ser louco (sic). O mau juízo do público e da critica lhe afetou, mas o pior foi o mau uso dado ao seu Sistema, décadas depois, pelos Nazistas. À revelia (embora alguns digam que com a concordância de sua irmã e herdeira) de seus escritos, Nietzsche foi guindado à posição de “Mentor Filosófico” da eugenia pregada e tentada por Hitler e seus asseclas.

Porém, tanto aquelas primeiras censuras, quanto as reprimendas posteriores não tem um pingo de verdade. O que Nietzsche propunha era que o SER HUMANO em geral (e não apenas uma etnia, uma classe, uma raça) se libertasse dos grilhões colocados e mantidos pelas superstições religiosas e/ou patrióticas. E que desse vazão ao seu potencial criativo, emotivo, espiritual. Que cada Homem fosse o “Super Homem”, na medida em que vencia seus demônios, seus medos, suas limitações. Que ousava satisfazer suas vontades, seus desejos. Que ousava ser feliz em oposição ao “eterno sofredor” que habita esse “vale de lágrimas”, pois ASSIM FALAVA ZARATRUSTA.

A Filosofia de Nietzsche não segue um ordenamento, um sistema e é tão fragmentada quanto era a visão que o Pensador tinha da vida. Para alguns fãs mais exaltados, o ideário do alemão não é “apenas” um Sistema Filosófico, mas sim uma obra Poética, formada por elementos distantes das complicadas Teorias e das Doutrinas vazias. A censura radical à Sociedade e aos “Valores Tradicionais” da Cultura Ocidental foi, segundo esses admiradores, formulada com tal maestria que a decadência da “Civilização Burguesa e Cristã” ganhou certo lirismo na medida em que junto desse “apocalipse” instaurou-se a esperança de um tempo mais propicio à Criatividade, à Beleza, à Felicidade e à Espontaneidade da natureza humana.

E de fato, para Nietzsche a real função da Filosofia deveria ser a de libertar o Homem da servidão que lhe é imposta por uma Sociedade hipócrita e degenerada. Servidão, aliás, que só existe em razão do Homem não pensar. De permitir que lhe tomem essa capacidade. Deveria a Filosofia proclamar e anunciar uma “Nova Era”, um novo modo de agir, de pensar. Deveria promover a total transformação dos “Valores”.

Deveria ressuscitar os mitos (pagãos) primitivos onde o heroísmo e a vontade humana têm peso e valor. Ver-se-ia, então, que o Homem não é um mero fantoche do “Deus Cristão (note-se, aqui, uma aproximação com o Humanismo da Grécia Clássica, através dos Sofistas)”. Que se voltasse a usufruir de liberdade na criação artística e que dessa criatividade brotassem novos gênios, novos heróis. Que sentimentos de honra, de altruísmo, de independência fossem resgatados e tudo isso em oposição à Arte pálida, sem vida, que só refletia a servidão humana ante o Estado (Elite, Burguesia e Clero) e ante um Deus vingativo, punitivo, colérico e tirano.

Recorte – em termos artísticos, registre-se que no inicio de sua carreira Nietzsche aproximou-se muito de Wagner, vendo em sua música os valores que ele propunha. Posteriormente, afastou-se do compositor acusando-o de servo da Elite Burguesa.

A influência de Nietzsche no Pensamento Contemporâneo é grande, mas já mostra sinais de enfraquecimento, graças ao predomínio da cultura televisiva que impõe valores burgueses e religiosos e à hegemonia do Regime Capitalista que exige obediência em troca de relativo conforto material. Contudo, é possível enxergar-lhe nas obras de HEIDEGGER (18 89/1976, Alemanha), FOUCAULT (1926/1984, França) e DELEUZE (1925/1995, França).

Na seqüência, fechando o Ensaio, abordaremos dois temas e Conceitos que são as “Colunas Mestras” no Pensamento de Nietzsche:

NIILISMO – do Latim “NIHIL” = Nada. Nietzsche empregava esse termo para indicar a decadência da Cultura Ocidental, sobretudo na Europa, e o resultado dessa degeneração: a falência total dos “Valores Tradicionais” que eram consagrados como absolutos até meados do século XIX. O Niilismo é, portanto, a descrença em um Futuro glorioso e, conseqüentemente, uma vigorosa oposição à idéia de progresso. Dentro desse pessimismo em relação ao Presente e ao Futuro é que surgiu a célebre frase: DEUS MORREU!

Isto é, morreu tudo aquilo que foi moldado e feito (a Moral, o Estado, a Sociedade, a Religião etc.) segundo as “regras, normas e modelos” estipulados por um SER Metafísico, Sobrenatural e Super poderoso! Feneceram juntamente com a crença em tal Ser, a quem se chama de Deus. E restou da “Civilização Européia” o NIHIL, ou seja, o NADA.

Mas tal Niilismo, conforme Nietzsche, não é o fim. Ao contrario, é a oportunidade de recomeçar. De parir uma nova Civilização onde o Hedonismo seja valorizado e o Homem possa crer que as boas coisas sempre retornam. Que a vida é como se fosse um banquete, onde os manjares são servidos em mais de uma ocasião. Sempre retornarão, pois existe o “ETERNO RETORNO”.

Seria o fim da condição servil e do elogio à “mediocridade de Apolo”, em que tudo deve ser pensado, medido, racionalizado e reduzido ao horror do vulgar. Seria o inicio de uma época em que vigorarão os verdadeiros valores humanos: a coragem, o altruísmo, o arrojo, a criatividade, a busca pelo incógnito, pelo saber, as emoções, os sentimentos etc. Seria o enterro da “moral de rebanho”, sufocada para nunca mais voltar. Que seja o fim “das covardes ovelhas que trocam a dignidade pela sobrevivência física”. Seria, pois, um recomeço onde o Homem se tornaria protagonista de sua História e deixaria de ser mero apêndice da História alheia. Que passasse a pairar acima e “ALÉM DO BEM E DO MAL”.

VONTADE DE POTÊNCIA ou de PODER – é a tese central do Pensamento de Nietzsche. A afirmação da Vida (considerada apenas em seu aspecto físico, concreto, humano). Segundo o filósofo: “só existe a Vontade na vida, mas essa Vontade Não é o simples “querer viver”; na realidade é a “Vontade de dominar... a vida...Tende à Sensação de uma máxima potência, ela é essencialmente o esforço em direção a mais potência.Sua realidade mais intima, mais profunda, é o querer”.

Em outros termos: Nietzsche afirma (como Schopenhauer já fizera, mas em outro sentido) que a Vontade é a Essência de tudo, mas que tal Vontade não é apenas uma simples “vontade de viver”. É mais que isso. É a Vontade (o desejo, o querer) de superar os limites impostos pela Vida aos humanos. A Vontade de adquirir o máximo de Poder possível e a partir daí exercer uma espécie de Hedonismo*; ou seja, apenas desfrutar o que a vida tem de melhor, sem lucubrações mentais nem impedimentos morais.

E é justamente esse um dos pontos em que se apóiam aqueles que o criticam. Acusam seu Sistema Filosófico de propor a primazia das vulgares Sensações Físicas (a ralé dos Sentidos, segundo Platão), em detrimento da elevação intelectual e espiritual. Outro ponto de seu ideário que levanta oposição é a afirmação da “validade” do estado da Natureza entre os Homens, como veremos a seguir:

Em sua obra “A Vontade de Poder”, de 1895, Nietzsche expõe a maior parte de sua Filosofia. Primeiramente analisa a História e a Filosofia e conclui que é indispensável uma alteração geral e radical na Escala de Valores Éticos e Morais, pois, segundo ele, até então, tais valores foram baseados no Cristianismo e ao pregarem o Amor, a Humildade, a Pobreza, a Fraternidade e outros sentimentos afins, na verdade pregavam uma Moralidade que fora ardilosamente articulada pelos mais fracos e/ou inaptos, que desse modo evitavam o extermínio que lhes daria os mais fortes, conforme acontece na Natureza, onde sobrevive o mais apto, o mais forte. Ameaçando, então, os mais fortes com castigos metafísicos (inferno, punição divina, maldições etc.) conseguiam sobreviver mesmo com suas debilidades. Mas para Nietzsche, tais “Virtudes” eram apenas o oposto do verdadeiro “Bem”; do verdadeiramente “Bom”, ou seja: o Poder e o desfrute das delicias que o Mundo propicia. O desfrute de “eternos Banquetes regados ao vinho de Dionísio”, em lugar da burocrática ordenação de Apolo.

Pregava o filósofo que essa “Moral de Escravos” fosse extirpada e substituída pela Tábua de Valores Verdadeiros: a festiva inconseqüência Dionisíaca. A Moral dos “fortes e vitoriosos”.

Nota - Nietzsche concordava com Schopenhauer de que a “Vontade” é a “Essência do Mundo”; mas ao contrário do “querer viver” pessimista de Schopenhauer, a “Vontade de Poder” designava o desejo de dominar a própria vida e não ser reles joguete das circunstâncias da mesma. Dominar, principalmente, a “Energia Conquistadora” dos Homens mais aptos, mais bem dotados e por isso, capazes de Criar novos valores, ao invés de se submeterem aos parâmetros já estipulados, os quais, aliás, seriam sumariamente extintos pelos “Super Homens”.



Este Ensaio é dedicado ao Escritor, Poeta e Editor EVAN DO CARMO e é parte integrante do Livro “Filósofos Alemães”, à venda na WWW.agbook.com.br

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 192

VOLUNTARISMO e VONTADE – do Latim “VOLUNTARIUS”.

O Voluntarismo é a Doutrina Filosófica que considera a “Vontade (ou o Querer)” o motivo ou a Causa da existência de tudo. Seja dos Seres vivos, dos objetos inanimados, dos fatos, dos acontecimentos, dos sentimentos, dos pensamentos e de tudo mais que existe.

Segundo SCHOPENHAUER (1788/1860, Alemanha) em sua obra “O Mundo como Vontade e Reflexão”, de 1818, a “Vontade” ou mais precisamente “A Vontade de Viver (o instinto de sobrevivência) é a Essência de todas as coisas, inclusive dos Homens. Para ele, a “Vontade” é uma “Energia ou uma Força” universal que habita todos os Seres e é o que os leva a lutar consciente ou inconscientemente para se auto preservar e, paralelamente, conservar a Espécie a que pertence. Em suas palavras: “ela se manifesta na força cega da Natureza e encontra-se na conduta racional do Homem”.

Outro Filósofo, DUNS SCOTUS (c.1265/1308, Escócia) afirmou que Deus é totalmente livre para fizer o que quiser; isto é, nada O limita. E como Ele é o principio, a base de todas as Coisas, o que pode ser classificado como “Bom”, “Verdadeiro” depende, ao cabo, da “Vontade de Deus”; ou seja, só Ele pode criar algo positivo e como Ele é pura generosidade, tudo que a sua Vontade, o seu Querer produzir é “Bom”, “Verdadeiro”.

Para muitos Pensadores, o Voluntarismo, de fato, só pode ser entendido como Essência, pois ao nível dos fenômenos é apenas uma capacidade parcial, haja vista que a Vontade é sempre contida e limitada pelas circunstâncias da vida. Tanto, aliás, quanto o “Livre Arbítrio” humano.

Na seqüência abordaremos o elemento formador do Voluntarismo, a “Vontade”. É um termo de real importância no estudo da Filosofia e na seqüência abordaremos algumas de suas principiais aplicações:

1. Em sentido geral, Vontade é a disposição para agir. O exercício consciente e desejado de se fazer alguma coisa; de praticar certa ação. Tem-se como exemplo a “a vontade de gritar”, dentre outros.

2. Vontade é a idéia ou o argumento central e mais importante na Metafísica de Schopenhauer, que a enxerga como a Verdadeira Essência de tudo. Inclusive, claro, do Homem. Adiante, retornaremos a esse filósofo e enquanto isso tomo a liberdade de recomendar aos (às) interessados (as) em se aprofundar no Pensamento de Schopenhauer que consultem o livro de minha autoria “Filosofia Alemã”, editado pela AlphaPrint – Clube de Autores. Nele, essa visão do filósofo de que a Vontade é a Essência de Tudo, ou “A coisa em Si”, conforme Kant, é explanada com minúcias que aqui não caberiam.

3. Vontade Geral – é um termo composto que se aplica ao Campo Filosófico que trata da Política. Sobretudo com ROSSEAU (1712/1778, Suíça), que afirma ser a “Vontade”, una (única), geral e inseparável do “Corpo Social”, ou da Sociedade; devendo, por isso, ser considerada como um “Todo”. É, pois, essa “Vontade Geral” que dá legitimidade a toda ação que expresse o desejo de cada indivíduo formador daquela Sociedade. É a “Vontade da Maioria” que vigora nas Democracias, legalizando os atos executados pelos Governos.

4. VONTADE DE POTÊNCIA – tese central do Pensamento de Nietzsche (1844/1900, Prússia, atual Alemanha). É, pode-se dizer, uma afirmação da Vida (considerada apenas em seu aspecto físico, concreto). Segundo o filósofo: “só existe a Vontade na vida, mas essa Vontade Não é o simples “querer viver”; na realidade é a “Vontade de dominar... a vida... “Tende à Sensação de uma máxima potência, ela é essencialmente o esforço em direção a mais potência. Sua realidade mais intima, mais profunda, é o querer”. Em outros termos: Nietzsche afirma (como Schopenhauer já fizera, mas em outro sentido) que a Vontade é a Essência de tudo, mas que tal Vontade não é apenas uma simples “vontade de viver”. É mais que isso. É a Vontade (o desejo, o querer) de superar os limites impostos pela Vida aos humanos. A Vontade de adquirir o máximo de Poder possível e a partir daí exercer uma espécie de Hedonismo*; ou seja, apenas desfrutar o que a vida tem de melhor, sem lucubrações mentais nem impedimentos morais. E é justamente nesse ponto que se apóiam aqueles que o criticam. Acusam seu Sistema Filosófico de propor apenas a primazia das Sensações físicas, tidas como vulgares, em detrimento da elevação intelectual e espiritual. Outro ponto de seu ideário que levanta oposição é a afirmação da “validade” do estado da Natureza entre os Homens, como veremos a seguir:

Em sua obra “A Vontade de Poder”, de 1895, Nietzsche expõe a maior parte de sua Filosofia. Primeiramente analisa a História e a Filosofia e conclui que é indispensável uma alteração geral e radical na Escala de Valores Éticos e Morais, pois, segundo ele, até então, tais valores foram baseados no Cristianismo e ao pregarem o Amor, a Humildade, a Pobreza, a Fraternidade e outros sentimentos afins, na verdade pregavam uma Moralidade que fora ardilosamente articulada pelos mais fracos e/ou inaptos, que desse modo evitavam o extermínio que lhes daria os mais fortes, conforme acontece na Natureza, onde sobrevive o mais apto, o mais forte. Ameaçando, então, os mais fortes com castigos metafísicos (inferno, punição divina, maldições etc.) conseguiam sobreviver mesmo com suas debilidades. Mas para Nietzsche, tais “Virtudes” eram apenas o oposto do verdadeiro “Bem”; do verdadeiramente “Bom”, ou seja: o Poder e o desfrute das delicias que o Mundo propicia. O desfrute de “eternos Banquetes regados ao vinho de Dionísio”, em lugar da burocrática ordenação de Apolo. Pregava o filósofo que essa “Moral de Escravos” fosse extirpada e substituída pela Tábua de Valores Verdadeiros: a festiva inconseqüência Dionisíaca. A Moral dos “fortes e vitoriosos”.

Citamos, au passant, que Nietzsche concordava com Schopenhauer de que a “Vontade” é a “Essência do Mundo”; mas ao contrário do “querer viver” pessimista de Schopenhauer, a “Vontade de Poder” designava o desejo de dominar a própria vida e não ser reles joguete das circunstâncias da mesma. Dominar, principalmente, a “Energia Conquistadora” dos Homens mais aptos, mais bem dotados e por isso, capazes de Criar novos valores, ao invés de se submeterem aos parâmetros já estipulados, os quais, aliás, seriam sumariamente extintos pelos “Super Homens”.

Para Kant (1724/1804, Alemanha) a “Vontade”, ou mais precisamente, a “Boa Vontade” é à base da Moral. A “Vontade ou o Querer” é aquilo que se escolhe racionalmente, mesmo que contrarie um desejo inconsciente, como ocorre nessa situação exemplar: o querer inconsciente deseja ardentemente uma linda jóia, mas não se furta ou se rouba a mesma porque a Razão freia esse instinto. A Vontade, pois, deve ser atada à noção de “Cumprimento do Dever” e ser contida, limitada, objetivamente (ou externamente) pela Lei e subjetivamente (interiormente) pela Vontade de se respeitar a Lei. Por outro lado, quando o inconsciente vence a Racionalidade tem-se, claro, a “Má Vontade”, cuja prevenção e combate são a pedra de toque de qualquer agrupamento social.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 191

VITALISMO e VITAL – do Latim “VITALIS” = referência à vida e a tudo que tem relação com a mesma. Agregados à palavra “Vital”, dois outros vocábulos acrescentam-lhe significados semelhantes. Tem-se então:

1. Principio Vital – que em algumas tendências, como o Estoicismo*, simboliza uma “Energia”, uma “Força”, um “Principio Energético” parecido com o conceito de “Alma do Mundo”. Principio esse, que seria responsável pela existência de todas as formas viventes e que governaria a Natureza.

2. Elã Vital – tema central do Sistema Filosófico de Bérgson (1859/1941, França) seria um Impulso (divino?) de Criação, do qual provem todas as formas de vida, as quais, durante o transcorrer do Processo, vão se tornando mais elaboradas até que chegam à Forma Suprema, que é a vida humana.

VITALISMO – no sentido clássico do termo é a Doutrina que afirma existir um “Principio Vital” em todo Ser vivo. Principio que não pode ser confundido com a alma, ou com a mente, ou com o corpo físico, pois é superior a todos estes. Principio que gera por si mesmo, a vida.

Na Epistemologia contemporânea, o Vitalismo é a idéia de que os Fenômenos ou os acontecimentos, ou as características da Vida estão além do Mecanicismo Materialista. Que as equações físicas e químicas não são suficientes para definir o que é, de fato, a Vida. Segundo CLAUDE BERNARD (1813/1878, França) “a dimensão físico-química não é capaz de agrupar, de harmonizar os fenômenos na ordem e na sucessão relativas especialmente aos Seres Vivos...”.

O Vitalismo, de forma discreta e indireta, propõe a existência de um elemento que está além da Matéria, da Física e é só por sua Causa ou Vontade que a vida existe. Alguns o chamam de Deus.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 190

UTILITARISMO – é uma Tendência que se resume apenas ao campo da Moral. Uma Doutrina que tem entre seus adeptos figuras de escol como J. BENTHAM (1748/1832, Inglaterra), tido como o Criador desse sistema; o célebre Pensador JOHN STUART MILL (1806/1873, Inglaterra), considerado o mais eminente continuador do Pensamento Utilitarista e mais alguns outros de menos importância.

Conforme MILL “as ações são boas quando tendem a promover a felicidade, más (ruins) quando tendem a promover o oposto da felicidade”. A princípio uma constatação óbvia que qualquer indivíduo poderia afirmar, mas a questão ganha novos contornos pelo fato de que para os adeptos do Utilitarismo as ações ou os atos são considerados apenas pelos resultados que produzem, sendo totalmente desprezados os motivos ou as intenções de quem as praticou. Mesmo que tenha havido a melhor das intenções, para o Utilitarismo, isso será irrelevante se o resultado não corresponder à generosidade da intenção. Ou seja, se não for útil, benéfico.

Em termos vulgares, aqui no Brasil, resume-se este ponto de vista com o jocoso (e talvez maldoso) comentário: “de boas intenções o Inferno está cheio...”

Num plano mais elevado, este pensamento modela algumas Sociedades (talvez a norte-americana seja o exemplo mais claro) onde são idolatrados os “bons resultados”. O problema dessas Culturas e nessas Sociedades é que se corre o risco de se reproduzir a máxima de Maquiavel que dizia: “os fins justificam os meios”; ou seja, não importa (o mal) o que se fez desde que os resultados sejam obtidos.

Segundo o Utilitarismo, o objetivo de uma “boa ação” é promover em grau máximo o “Bem Geral”, porém, é nesse ponto que se inicia uma das criticas feitas ao Sistema. Afinal, o quê é o “Bem Geral”? Como se pode estabelecer que algo seja benéfico para fulano, se concomitantemente for maléfico para sicrano?

De fato, as perguntas acima não podem ser convenientemente respondidas, mas se deve notar – como infra citado – que o Utilitarismo modela algumas Sociedades, as quais se arrogam o “Direito” de supor que aquilo que lhes é “Bom”, também o seja para outras nações. E tal arrogância é cometida sem qualquer preocupação com as Culturas, os Hábitos, os aspectos geográficos e climáticos doutros países e doutros povos.

Outra critica freqüente ao Sistema é relacionada, de certo modo, com o parágrafo acima. O Utilitarista não tem escrúpulo em admitir que certas minorias sofram para que a “Maioria” usufrua de todas as comodidades.

Juntando-se às anteriores, tem-se ainda a já citada critica ao modo Utilitarista de desprezar as intenções do executor se sua ação não for bem sucedida, conforme os parâmetros que seguem.

domingo, 20 de junho de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 189

TRAUMATISMO – do grego “TRAUMA” = ferida.

Termo que ganhou popularidade a partir da década de 1960 quando a Psicanálise tornou-se mais acessível e, por isso, mais difundida. Graças a isso, porém, a palavra “Trauma” foi perdendo seu significado original (ferimento físico) para servir de rótulo a um sem número de questões emocionais e pretensamente mentais. Foi a época em que qualquer desvio de conduta era debitado a “traumas”, os quais seria “evitados ou tratados” com a mudança de comportamento no ensino das crianças e/ou em milagrosas (sic) sessões de “análises psicodramáticas” e outras “terapias” do gênero, que no mais das vezes eram ministradas por pessoas sem a menor noção do que estavam fazendo. Sem que soubessem corretamente o que isso representava, pois da Universidade tinham mantido distância.

Contudo, essa situação foi positiva por ter divulgado que as emoções podem e devem ser tratadas e que comportamentos “esquisitos” não eram “possessões demoníacas” ou “encostos espirituais”. Porém, teve o lado negativo que acima já delineamos; ou seja, por ter servido a vários falsários que além de iludirem seus “pacientes” ocasionaram certa má fama aos verdadeiros Profissionais da área; os quais, ainda hoje são obrigados a combater falsas panacéias apresentadas em embalagens de falsas “auto-ajuda”, que tanto proliferam no ramo da escrita, quanto no da “alimentação equilibrada”, no mau uso de práticas milenares como a Yoga, por exemplo, e até na farmacopéia dita “natural ou fitoterápica”.

Neste ensaio abordaremos a questão psicológica apenas no que diz respeito à sua verdadeira atuação, deixando de lado os falsários acima mencionados, que melhor seriam descritos em processos policiais que em Dicionário de Filosofia.

A partir dessa diferenciação, abordaremos os aspectos mais freqüentes da questão:

1. Distúrbio Psicossomático – relembrando que “somático” é sinônimo de físico, do corpo físico. São os sofrimentos causados por uma lesão física ou por uma emoção violenta que acarreta uma reação do corpo. Em ambos os aspectos a duração é variável, e no caso da patologia ser física é quase sempre possível a total reabilitação; porém, no segundo caso, o de padecimento emocional, não é raro que o paciente passe a consumir drogas (legais ou ilícitas) na vã tentativa de minorar seu sofrimento, posto que sua cura demande um tratamento invisível, abstrato e quase sempre demorado. É uma situação deveras difícil, pois além de nada contribuírem para a recuperação do paciente, essas drogas causam-lhe novos (e talvez mais graves) padeceres; os quais vão do vício naquela substância e na conseqüente desestruturação social e familiar e, em certos casos, ao suicídio. Tanto o direto, quanto o indireto que consiste na perda da vontade de viver. Além, é claro, de várias outras patologias que os Doutores da área podem enumerar com a minúcia que aqui seria desnecessária.

2. Na Psicanálise segundo Freud (1856/1939, ex Império Austro-Húngaro) um choque, ou um situação extremamente desagradável na infância acarreta o “Trauma”, ou um “ferimento emocional” que leva ao fracasso dos mecanismos de defesa do Indivíduo abusado, abrindo brechas em sua psique por onde se formam as neuroses, as psicoses; as quais, no mínimo acarretam comportamentos apáticos, depressivos. E numa escala de maior risco, tentativa explicita ou dissimulada de suicídio (como nos casos de bulimia, anorexia), incapacidade de manter relações sociais, amistosas e/ou amorosas, substituídas por atos de violências domésticas contra os parceiros (as) e/ou filhos, animais e outros seres que lhe são “inferiores” ou dele dependentes. E nessa escalada, chega-se aos comportamentos sádicos, cruéis e criminosos.

3. Traumatismo na Infância - ainda segundo Freud, quando os choques traumáticos atingem todo um grupo de crianças (como as que convivem com uma guerra, por exemplo) os comportamentos já descritos são potencialmente perigosos por envolverem um grupo de indivíduos cujas índoles foram deformadas.

Este Ensaio é dedicado aos Profissionais da área de Psicologia e de Psiquiatria.

sábado, 19 de junho de 2010

Filosofia Sem Mistérios - Dicionário Sintético 188

TRANSFORMISMO – sob esse titulo abrigam-se várias doutrinas filosóficas, teológicas e cientificas, as quais, exceto por suas características próprias, compartilham a noção central de que tudo se transforma em outra coisa.


Em Teologia, por exemplo, há a transformação ou a conversão de pagãos em crentes; em Filosofia, a transformação de um Pensamento que se altera substancialmente – especialmente no Campo da Moral, cujos preceitos são constantemente adequados às novas situações – e em Ciências que se baseia na transformação de algo em outra coisa. De certo material em matéria.

Historicamente pode-se afirmar que o uso mais freqüente desse vocábulo aconteceu com o florescer da tese do Naturalista LAMARCK (1744/1829, França), considerado um dos fundadores da biologia moderna. Para ele, o “Transformismo” se apóia na “Lei da Hereditariedade do Caráter (ou das características) Adquirido”, segundo a qual as espécies vivas não podem ser explicadas pelas Teorias Criacionistas ou Fixistas (isto é: as espécies não mudam porque já foram criadas dessa forma, por vontade de Deus), tampouco pela Teoria da Evolução de Darwin. Ver Darwinismo.

Segundo LAMARCK as espécies se modificam, transformam-se em decorrência das condições materiais da Natureza que obriga todos os Seres a se adaptarem sob pena de serem extintos.